Diretor da ANA explica o mapeamento dos usuários do rio São Francisco
2005-04-18
A elaboração do Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos da Bacia
do Rio São Francisco já foi iniciada em Pernambuco e Minas Gerais pelos
ministérios da Integração Nacional e do Meio Ambiente, por intermédio da ANA
- Agência Nacional de Águas. O levantamento revelará quem, o quanto e como
são usadas as águas do rio e de seus afluentes. A estimativa da agência é de
que cerca de 80 mil pessoas utilizem os rios, lagos e mananciais da região.
Em entrevista à TV Nacional, o diretor presidente da ANA, José Machado,
explicou o cadastramento necessário para regularizar o uso das águas da
Bacia do Rio São Francisco. — Essa atividade faz parte de uma determinação
legal porque para se proceder a retirada de águas para abastecimento
público, para uso industrial e para irrigação é necessário autorização. Nós
queremos legalizar o processo que hoje não é perfeitamente legal.
Machado assinalou que alguns dos usuários da região estão autorizados a
retirar a água, mas muitos não estão. Dessa forma, a intenção da ANA é ter
um mapeamento geral de quem são esses usuários, quanto de água eles usam ou
precisam para suas atividades econômicas, para o abastecimento público.
— Isso tudo funciona como base para o planejamento e o projeto de
revitalização da Bacia do São Francisco.
Na opinião de Machado, a regularização é necessária para que o
poder público conheça a quantidade de água necessária para atender às várias
necessidades para o abastecimento das cidades, para irrigação, para o uso
das indústrias. Segundo explicações do diretor da ANA, os usuários participam inclusive dos
comitês de bacia, órgãos que decidem sobre quais as ações que precisam ser
realizadas para revitalizar o Rio São Francisco e garantir que haja água
para todos. — Se não houver uma regularização, um controle e um planejamento,
esse uso passa a ser irracional e não é possível fazer uma gestão
responsável e prudente das águas.
A partir do cadastro pronto, a ANA começará a realizar a cobrança pelo uso
da água, afirma Machado. Segundo ele, esse instrumento é previsto na
legislação federal e será a base para parte dos investimentos na região e
para a aplicação dos recursos de gestão das águas. O diretor diz que, no
entanto, não se pode fazer a cobrança sem antes saber de quem cobrar.
O trabalho de campo da Agência Nacional de Águas será feito por equipes
treinadas, que já estão na região. Essas equipes vão percorrer toda a bacia
do São Francisco, procurando conhecer quem são os usuários da água. Serão
entrevistados donos de indústrias, irrigações, prefeitos de cidades,
consumidores institucionais, empresas e produtores. A idéia não é cadastrar
o usuário particular. O público alvo do cadastramento, segundo Machado, — são
as pessoas que se responsabilizam pela tomada de água, muitas delas
desconhecidas e, para isso, haverá um questionário e uma confrontação de
dados com os dados que a ANA dispõe. (Agência Brasil, 16/04/2005)