Professor da Unicamp critica uso de recursos do programa do biodiesel para soja
2005-04-18
Destinar 40% dos recursos do Programa Nacional de Produção e uso do
Biodiesel para a soja não é uma boa opção econômica para o país, avalia o professor de Física da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas (SP),
Rogério César de Cerqueira Leite. Segundo ele, a produção de biodiesel a
partir da soja é pouco lucrativa e exige o consumo de outras fontes de
energia. — Acho muito mais promissor o dendê e certamente a mamona, diz o
professor.
— Esse processo de biodiesel de soja só se sustentará graças a uma
suplementação dada pelo governo, que seria mais ou menos 100% do valor real
do produto. Então fica muito caro produzir biodiesel de soja, enquanto com
dendê e com mamona é possível porque tem produtividade muito mais elevada,
completa.
O Senado aprovou no início da semana a MP - Medida Provisória 227, que
autoriza a tributação especial para produtores e importadores de biodiesel.
A MP pretende incentivar a produção do combustível no país com alíquotas
reduzidas, uma vez que o produto serve como fonte alternativa de energia. O
biodiesel pode ser adicionado ao óleo diesel de origem fóssil para reduzir o
consumo do combustível não renovável.
Em entrevista à Rádio Nacional AM, o professor da Unicamp afirma que a
mandioca - utilizada na produção de álcool - não é uma boa fonte para a
produção de biodiesel. — Na realidade não tem nenhum esquema tecnológico
comprovado para produzir óleo diesel a partir da mandioca.
Para o professor, em 20 anos, o Brasil poderá se tornar menos dependente da
importação do petróleo. No dia 31 de março, numa viagem a Araraquara (SP), o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil se prepara para
deixar de ser dependente apenas do petróleo. — Por isso é que o Brasil está
investindo na produção do biodiesel, que vai colocar o país na vanguarda,
afirmou.
O professor considera, no entanto, a utilização do álcool como combustível um
programa mais promissor do que o do biodiesel. — O álcool é uma realidade,
mas precisa ter uma estratégia de ampliação da cultura da cana de açúcar no
Brasil. Poderia atingir um nível de competitividade bastante adequado, quer
dizer, a produção de álcool compete facilmente com os costumes do petróleo
ou dos derivados do petróleo. (Radiobrás, 16/04)