Aterros sanitários podem se beneficiar de créditos de carbono
2005-04-18
Por Carlos Matsubara
Os aterros sanitários podem se beneficiar das oportunidades oferecidas pelo mercado de créditos de carbono por meio da captação do gás metano — liberado pela decomposição dos lixos orgânicos — para geração de energia elétrica. A opinião é do gerente da Corporate Finance da Deloitte, Adriano de Sousa. Um exemplo é o primeiro projeto no mundo registrado pelo Conselho Executivo do Protocolo de Kyoto, da Organização das Nações Unidas: um aterro sanitário no município fluminense de Nova Iguaçu.
Embora as oportunidades abertas pelo Protocolo de Kyoto ao Brasil sejam muitas, as perspectivas brasileiras são menores nessa área do que as da China e da Índia. Curiosamente, a principal explicação para a perda de competitividade frente às empresas chinesas e indianas é o fato de a matriz energética tupiniquim ser baseada em hidrelétricas, portanto mais limpa do que a delas. — Na China, a geração de energia se dá principalmente a partir de combustíveis mais poluentes, oferecendo maiores chances de criação de projetos de comercialização de créditos, explica.
E quais seriam as possibilidades existentes para empresas que reutilizam gases ou resíduos na geração de energia? Conforme o especialista, nas indústrias de siderurgia, por exemplo, encontram-se oportunidades promissoras nesse sentido, ao lado das empresas de papel e celulose, transportes, açúcar e álcool. — A idéia é empregar certos gases resultantes de seus processos industriais na geração de energia, acredita. De acordo com dados da Eletrobrás, o segmento dos autoprodutores (pessoas ou empresas que geram eletricidade para consumo próprio), cresceu 4,7% ano passado. Números fornecidos pela empresa e pelo Ministério das Minas e Energia, dão conta de 37,3 terawatts/hora produzidos em 2004 contra 35,6 TWh em 2003 (cada terawatt equivale a 1 trilhão de watts). Entre 1994 e 2003, o crescimento atingiu uma média de 12,2% ao ano.
Além de contribuir para a preservação do meio ambiente, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) permite que as empresas convertam concretamente sua responsabilidade ecológica em capital efetivo. Estima-se que o mercado de créditos de carbono possa resultar em US$ 400 milhões no Brasil. (Com informações da Eletrobrás e Ministério das Minas e Energia.)