Autoridades tentam recuperar MTBE que vazou para água nos EUA
2005-04-18
Autoridades de Woodbury, na Califórnia, estão tentando recuperar metil-térciobutil-éter (MTBE), substância tóxica, utilizada como aditivo da gasolina, que vazou para a água que abastece a região. Um tanque de aço de seis pés de altura nessa cidade rural é a esperança para esta tentativa. O MTBE vazou para a água que abastece cerca de 2 mil residentes.
Em poucas semanas, o sistema de filtragem à base de carbono que está dentro do tanque começará a tratar a água contaminada. A companhia de água local pretende expandir o tratamento para poços localizados a mil pés de distância, onde o nível da substância química, testado em setembro do ano passado, estava duas vezes maior que os níveis federais recomendados. A unidade de filtragem deve custar cerca de US$1 milhão no primeiro ano e US$ 250 mil a cada ano seguinte, afirmou Rich Henning, porta-voz da United Water, empresa privada que abastece Woodbury e três outras comunidades em Connecticut.
O problema é: quem vai pagar pela limpeza? United Water, subsidiária da Suez S.A., está processando os fabricantes de MTBE para que eles cubram este custo. Já que centenas de comunidades da costa oeste do país estão encontrando MTBE em seus sistemas de abastecimento de água, a questão sobre quem vai pagar torna-se um litígio.
A Câmara de Energia e Comércio do Congresso norte-americano, na quarta-feira passada (13/4), incluiu em sua sessão um pedido de moratória que poderá proteger os fabricantes de substâncias químicas – alguns deles grandes fabricantes de petróleo – de todas as pendências legais envolvendo MTBE desde setembro de 2003. Os líderes majoritários na Casa, Tom DeLay e Joe L. Barton, que lidera o Comitê de Energia e Comércio, são os sustentadores do pedido de perdão. Ambos são republicanos do Texas, onde estão localizados mais de uma dúzia de fabricantes de MTBE.
Enquanto espera-se que a proteção sobreviva à base da Casa em uma votação que está para acontecer até o final de abril, a grande briga será no Senado, que blqueou a proposta em 2003, por causa da concessão.
Barton disse que uma taxa de energia, mesmo contendo a controversa concessão, tem maior chance de passar desta vez por causa da frustração do Congresso com os preços da gasolina. Mas o Comitê de Recursos Naturais e Energia do Senado não parece inclinado a apoiar a proteção ao MTBE desta vez. –Para um grande número de senadores esta é uma questão de ruptura que os colocará de prontidão para votar contra a contra a taxa que eles, de outra forma, até sustentariam, disse said Marnie Funk, porta-voz do comitê.
Mas, para a indústria do petróleo, a moratória ao MTBE é uma questão prioritária, afirmou o presidente da Fundação de Pesquisa Industrial do Petróleo, Lawrence J. Goldstein, de Nova Iorque. –Sem isto, eles não poderão voltar atrás na questão da taxa de energia, disse.
Alguns chegam a ver nisto uma situação paradoxal. Há cerca de duas décadas, as empresas de petróleo eram requeridas a colocar MTBE na gasolina porque o aditivo cortava a poluição do ar, melhorando a octanagem da gasolina. Mas com os vazamentos de MTBE e de combustíveis contendo o produto, a qualidade da água ficou comprometida. (NY Times, 15/4)