Chuva ácida ameaça reserva ecológica
2005-04-15
Os gases emitidos pelos mais de 130 mil veículos que circulam diariamente pelas avenidas das Américas, na Grota Funda, e Brasil, na altura de Realengo, podem causar danos irreversíveis à maior floresta urbana do mundo: o Parque da Pedra Branca. Um estudo do presidente do Instituto Estadual de Florestas, Maurício Lobo, confirma que, devido à poluição, o pH da chuva que cai sobre a região tornou-se ácido, semelhante ao da cidade de São Paulo.
O problema é analisado na tese de mestrado em engenharia ambiental de Lobo. Tomando como base dados da Feema, ele mostra que o pH da chuva é crítico. Coletas realizadas pela fundação entre outubro de 2003 e fevereiro de 2004 revelam um pH médio de 4,9 no parque. A média em São Paulo é 4,7. Na escala que vai de 0 a 14, o pH neutro é 7. Quanto mais baixo o valor, mais ácido.
Normas mais rígidas para catalisadores podem ajudar
Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente estabelece como limite para o lançamento de efluentes líquidos em rios o pH 5. Abaixo desse patamar, há alterações nos ecossistemas.
— A chuva já é ligeiramente ácida devido à presença de monóxido de carbono na atmosfera. Mas pH inferior a 5 é preocupante — diz Lobo.
Vice-diretor do Instituto de Química da Uerj, Fernando Altino afirma que os danos podem ser irreversíveis.
— A tendência é de que animais e plantas mais sensíveis à acidez desapareçam e outros, mais resistentes, proliferem.
Segundo Lobo, veículos movidos a gasolina, a álcool, a gás natural e a diesel respondem por 77% dos poluentes na região do parque. O restante é proveniente de fontes fixas, como indústrias.
Uma medida que pode minimizar o impacto da poluição é a criação de novas normas para catalisadores de veículos. (O Globo 14/04)