Óleos vegetais podem transformar RS em potência do biodiesel
2005-04-15
Mamona, girassol, colza e até a valorizada commodity soja podem transformar o Rio Grande do Sul em um dos Estados brasileiros mais avançados no programa de biodiesel. Projetos envolvendo essas oleaginosas proliferam por todos os cantos do pampa gaúcho e já motivam produtores rurais de municípios como Rio Grande, onde parte da produção da primeira safra de mamona está pronta para ser colhida no próximo mês.
O governo municipal está subsidiando a produção de 310 hectares, e deverá utilizar o combustível renovável na frota municipal. Na região da Grande Santa Rosa, o projeto envolve uma das principais cooperativas gaúchas. A Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai (Cotrimaio) encaminhou uma carta-consulta ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) para realizar investimento de R$ 16 milhões, visando a utilização de 90 mil toneladas de soja, girassol e canola para produção de biodiesel. A batida do martelo entre a cooperativa e a instituição financeira está prevista para as próximas semanas.
As perspectivas futuras são alentadoras. Segundo o secretário da Ciência e Tecnologia, Kalil Sehbe, o Rio Grande do Sul recebeu, em 2004, o volume de R$ 400 mil da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para estudar processos tecnológicos de produção de mamona na região Sul do Estado. O vegetal tem alto valor para a produção do combustível alternativo por não concorrer com outras espécies que possuem outras finalidades, inclusive para a alimentação. - Além do aspecto ambiental, a cultura de vegetais poderá ser um agente de transformação em áreas economicamente estagnadas - afirma Sehbe, para quem o Estado tem uma capacidade instalada na indústria de 1,4 milhões de toneladas de óleo vegetal por ano, equivalente a 18% da capacidade instalada em nível nacional.
Em breve, os rio-grandinos já poderão experimentar a novidade. Em dezembro, a Câmara Municipal aprovou uma lei que garantia a entrega de semente e adubo para plantio de mamona em 310 hectares espalhados por oito propriedades locais. A primeira safra, de 750 toneladas, deve ser colhida nos primeiros dias de maio, para em seguida ser transformada em biodiesel pela empresa Vinema Multióleos Vegetais, primeira empresa gaúcha a produzir combustível tendo a oleaginosa como matéria-prima. Na transformação, o grupo de Camaquã produzirá um óleo extra chamado B 15, ou seja, 15% vegetal e 85% de petróleo. (ZH, 15/04)