Conselho adia decisão sobre construção de Angra 3
2005-04-15
A decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) sobre a construção da usina nuclear Angra 3 foi adiada por decisão do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que pediu para estudar os relatórios e emitir um parecer. O conselho se reuniu na quarta-feira (13/04) para tomar a decisão. Não há data marcada para a próxima reunião.
O secretário -executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, que participou da reunião do CNPE no Ministério de Minas e Energia, disse que houve muitas dúvidas sobre os relatórios de viabilidade energética e ambiental apresentados pelos ministérios do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia e de Minas e Energia. Segundo Langone, o parecer do Ministério do Meio Ambiente é contra a construção de Angra III, por entender que a geração de energia nuclear não é prioridade no momento, já que existem energias menos impactantes e mais baratas, como a elétrica e a hidrelétrica. —Há outras formas menos impactantes e mais baratas de geração de energia, da eólica à hidroelétrica, disse.
O Ministério do Meio Ambiente constatou ainda que não houve avanços tecnológicos significativos para eliminar os riscos de produção de energia nuclear. Foi verificado também que não existe alternativa tecnológica segura para a destinação os rejeitos desse tipo de usina e que as soluções que estão em estudo são caríssimas, segundo o MMA. Os rejeitos das usinas nucleares são classificados como de alta atividade, com vida útil de 500 anos. Segundo o secretário-executivo, o Ministério de Minas e Energia considera que, do ponto de vista econômico e energético, a produção nuclear também não é prioridade.
Já o Ministério da Ciência e Tecnologia, de acordo com Langone, recomenda a conclusão de Angra III para aproveitar os investimentos de US$ 700 milhões já feitos na construção da usina. Segundo ele, ainda são necessários investimentos de US$ 1,8 bilhões. Langone relatou que o MCT considera fundamental a conclusão de Angra III para viabilizar o Programa Nuclear Brasileiro.
De acordo com o coordenador da campanha de energia do Greenpeace, Sérgio Dialetachi, o programa é caro, traz riscos para o meio ambiente e para a população: — A ministra Dilma disse, no Fórum Social Mundial, que a remuneração ideal por megawatt/hora de energia nuclear seria de R$ 288. Com hidroeletricidade, seriam R$ 120. Ou seja, a geração por energia nuclear custa mais que o dobro da hidroeletricidade. (Com informações de Folha On-line e Agência Brasil, 14/4)