Sementes ilegais de OGM ameaçam cadeia alimentar em vários países
2005-04-15
A difusão ilegal de sementes de alimentos geneticamente modificados está crescendo rapidamente e transformando-se num pesadelo para ambientalistas de vários países. São exemplos: a contaminação da cadeia alimentar global por arroz geneticamente modificado plantado ilegalmente na China; milhares de toneladas de milho geneticamente modificado que entraram na cadeia alimentar dos Estados Unidos, nos últimos quatro anos; o aumento da cultura de OGM para fins farmacêuticos.
Além disto, em países do Terceiro Mundo, como Índia, México e Brasil, os governos estão simplesmente dando de ombros perante a proliferação ilegal de organismos geneticamente modificados. Na Índia, por exemplo, a continuidade da proliferação de algodão geneticamente modificado, ilegalmente, mostra a ineficácia do governo no sentido de buscar o cumprimento de regulamentações na área de biossegurança.
Índia: descumprimento de acordos
– O governo não está responsivo às ONGs, disse o secretário-executivo do Comitê de Aprovação de OGM do Ministério do Meio Ambiente (GEAC), Sri Suresh Chandra. O GEAC é responsável pela regulamentação de plantas, animais e alimentos geneticamente alterados na Índia. As associações de defesa de consumidores, contudo, assinalam que, na sua pressa por aprovar novas variedades de algodão, o GEAC está mais preocupado em obrigar a indústria de sementes do que em proteger os produtores rurais e o meio ambiente.
No último dia 13, o GEAC aprovou o cultivo do algodão transgênico na Índia. As entidades ambientalistas acusam que isto foi feito sem que o órgão se comprometesse em proceder a uma revisão crítica sobre a conduta passada do algodão transgênico da Monsanto, o Mahyco Bt cotton, conforme havia sido demandado por ativistas de campanhas sobre OGM em reação à rápida proliferação de variedades ilegais de algodão transgênico.
O GEAC também recusou-se a comprometer-se em adotar ações contra a violação das regras governamentais de acordo com as quais os produtores rurais deveriam cultivar 20% de algodão comum em torno do algodão transgênico, o que não está sendo cumprido.
Arroz ilegal na China
A ONG Consumidores Internacionais (CI) está profundamente preocupada com um relatório sobre a descoberta de sementes geneticamente alteradas de arroz que foram vendidas e cresceram ilegalmente na província chinesa de Hubei. Segundo o Greenpeace, o laboratório internacional de Genescan confirmou que DNA transgênico estava presente em amostras de arroz de companhias e produtores rurais de pequena e grande escalas. O Greenpeace estima que 950 toneladas a 1,2 mil toneladas de arroz geneticamente alterado entraram na cadeia alimentar da China no ano passado, já na colheita.
Segundo o gerente de campanhas da CI, David Cuming: – Este é o segundo recente relatório de OGM não aprovado que ingressou na cadeia alimentar, o que é de significativa preocupação para os consumidores. No mês passado, havia sido reprovado o milho Bt geneticamente modificado na cadeia alimentar. Queremos saber quando isto vai terminar, ressaltou.