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2005-04-14
Maior produtor e exportador mundial de açúcar e álcool, o Brasil também está à frente em pesquisas na área de biotecnologia para cana transgênica resistente a doenças e em variedades convencionais mais produtivas. O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que pertencia à Copersucar, está pronto para disponibilizar cana transgênica, caso o governo libere a comercialização. Tadeu Andrade, diretor do CTC, afirmou ao Valor que o centro tecnológico domina esta tecnologia há mais de 10 anos.

– Não há ainda plantio comercial de cana transgênica no país. Mas temos pesquisas avançadas, onde o Brasil é referência mundial, disse Andrade. Segundo ele, uma vez liberada a comercialização, o CTC terá condições de iniciar imediatamente as pesquisas em suas variedades mais produtivas para disponibilizá-las ao mercado em no máximo três anos.

As pesquisas do CTC em melhoramento genético demandam por ano US$ 4 milhões, dos quais apenas 20% são destinados à biotecnologia. – Embora tenhamos o domínio da técnica, não precisamos de uma estrutura maior porque o país não autoriza a produção comercial da variedade transgênica.

No Ministério da Agricultura, este assunto é tratado com reservas. Segundo José Nilton Vieira, coordenador da área sucroalcooleira, a cana transgênica deve obedecer o cronograma de trabalhos em estudos pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). As pesquisas com cana e beterraba transgênicas já ocorrem em vários países, mas ainda não há plantio comercial destas variedades no mundo, segundo Andrade.

Para Vieira, o Brasil sairá na frente mais uma vez, se aprovado o plantio comercial porque domina a tecnologia e não tem concorrentes internacionais de peso. Para Andrade, a prioridade do CTC concentra-se na reengenharia genética. Neste campo, os pesquisadores do CTC já possuem vários trabalhos em estágios avançados, que podem agregar maior produtividade à cana. Um desses recentes trabalhos está concentrado em uma variedade de cana que não floresce. — O florescimento reduz o açúcar da cana, disse. Os pesquisadores também estão pesquisando uma cana com alta tolerância à seca, variedades resistentes a doenças e canas mais produtivas. Todas as variedades de cana-de-açúcar do CTC são testadas primeiro em Camamu (Bahia).

As pesquisas em cana transgênicas do CTC concentram-se hoje em variedades resistentes à broca da cana. – Esta larva perfura a cana e come a cana por dentro, disse. No país, essa praga pode dizimar 2% de todos canaviais por ano, mesmo com todos os tratos realizados. – Se os tratos nos canaviais não forem adequados, o estrago poderá ser bem maior. Também nesta área o CTC trabalha com variedades resistentes a herbicidas. No passado, o CTC trabalhou junto com a Monsanto em uma cana resistente ao Roundup Ready. Andrade disse que essa parceria foi desfeita.

Além do CTC, as empresas Alellyx e a CanaVialis, controladas pelo Votorantim, trabalham em pesquisas com cana. As empresas conseguiram no início deste mês autorização da CTNBio para testar no campo uma variedade de cana transgênica resistente ao vírus causador do mosaico. Segundo Fernando Reinach, presidente da Alellyx, as empresas têm várias pesquisas em curso para cana transgênica resistente a doenças e para variedades mais produtivas.

As pesquisas na área indústrial também estão no foco do CTC. Nos próximos anos, o CTC, em parceria com a Dedini e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), vão colocar no mercado a técnica denominada Dedini Hidrólise Rápida (DHR), que permitirá a produção de álcool por meio do bagaço de cana.

Hoje o bagaço é utilizado pelas indústrias do país para geração de energia e na fabricação de papelão. A técnica de DHR irá permitir reaproveitamento do bagaço de cana, depois de extraído o caldo da cana para a fabricação de açúcar e álcool, para a produção de álcool. (Valor 13/04)

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