Moradores de Caetité (BA) convivem com radiotividade
2005-04-14
Para os moradores de regiões próximas às Indústrias Nucleares do Brasil (INB), como Caetité, a convivência com a radioatividade pode ser maléfica para a saúde. Doenças como o câncer e a neoplasia, por exemplo, são recorrentes nessas comunidades e, em Caetité, apresentam níveis acima da média estadual. Para avaliar e discutir os possíveis malefícios causados pela INB entre esses moradores, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) promove hoje uma audiência pública na Universidade Estadual da Bahia (Uneb) em Caetité. Além disso, aconteceu anteontem um seminário no auditório da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do Trabalho (Fundacentro).
Durante o seminário - uma espécie de preparatório para a audiência pública de hoje - estiveram presentes a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ana Cecília Azevedo, representantes da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), do Ministério Público Federal, entre outros. No Fundacentro, foram apresentados dados preliminares sobre a situação da comunidade, fornecidos pela primeira vez em março deste ano pela INB - que, devido ao atraso da entrega regular, foi multada pelo Ibama em julho de 2004. Neles, ainda não existem indícios de contaminação do urânio 235 e 238 nos operários e moradores da região. – Os dados, até agora, são insuficientes. É uma indústria de alto risco, e os moradores vivem num raio de 24km da empresa, explica Julio Rocha, gerente executivo do Ibama.
Junto com os dados da INB, foram apresentados índices de mortandade e doenças na comunidade, fornecidos pela Sesab e o Centro de Saúde do Trabalhador. – Existem casos de câncer e neoplasia, num número acima da média estadual, revela Rocha. A Sesab não quis divulgar os números antes da audiência, por serem dados preliminares. Após o seminário, a INB deverá fornecer novos dados sobre a situação dos moradores da região, que serão avaliados e discutidos na audiência pública em Caetité. Enquanto isso, o Ibama segue acompanhando o fornecimento regular dos dados da empresa. (Correio da Bahia 13/04)