Plantio de pinus segue suspenso por tempo indeterminado no PR
2005-04-14
Empresários, advogados, representantes de associações e prefeitos de cidades de grande produção madeireira do estado saíram de reunião com o secretário do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, sem grandes esperanças. Desde setembro, eles protestam contra a Portaria 191, que paralisou a silvicultura do Paraná e foi reeditada três vezes. Com isso, o setor amargou um prejuízo de R$ 1 milhão nos dois primeiros meses. O valor total ainda não foi calculado pela Associação Paranaense das Empresas de Base Florestal (Apre), mas seu ressarcimento deve ser requisitado na Justiça tão logo cesse a proibição.
Depois de mais de uma hora de reunião, Cheida disse que pedirá pressa ao Ibama, que está analisando projeto do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para uma resolução (legislação estadual superior à portaria) reguladora do plantio. – Dentro de 15 dias devo estar com ela em mãos para discutirmos o conteúdo. Vou pressionar o Ibama para respeitar esse prazo, inclusive porque eu mesmo posso vir a fazer o texto, afirmou o secretário.
Antes de setembro, as autuações por desmatamento ilegal eram contraditórias, razão pela qual foi decidida a suspensão de qualquer plantio onde haja mata nativa – o que, para o município de General Carneiro, representa 95% do território.
A última reunião do setor havia sido com o presidente do IAP, Lindsley Rasca Rodrigues, há duas semanas. A resolução deve regular o plantio de pinus no estado, cultura que ocupa 560 mil hectares (2,8% de toda a extensão) e foi responsável pela exportação de US$ 1 bilhão no ano passado. De acordo com a Apre, seria necessário aumentar a área plantada para 1,2 milhões de hectares para suprir a demanda interna e externa. – Não estou confiante que a resposta saia em 15 dias, porque já esperamos sete meses por isso, desabafa o presidente executivo da Apre, Roberto Gava.
Nas 60 empresas do setor no Paraná, cerca de 15 mil trabalhadores estão na iminência do desemprego, segundo os silvicultores. Só na produtora de painéis de pinus Águia Florestal, de Ponta Grossa, 215 empregados na silvicultura podem ser demitidos. – Estou segurando até onde posso, já mandei podar as árvores, matar formiga, o que mais eles podem fazer?, pergunta o proprietário e vice-presidente da Fiep, Álvaro Scheffer. – Isso é hipocrisia, porque ninguém quer desmatar araucária. Chega de decidir as coisas só na capital, disse o prefeito de Bituruna, Lauro Agustini. (Gazeta do Povo-PR 13/04)