Quem se muda para Zona Sul quer contato com verde
2005-04-14
O advogado Astélio Santos é outro que está insatisfeito com as mudanças na Zona Sul. Ex-representante da comunidade no Fórum da Região de Planejamento é uma das lideranças da Associação dos Moradores do Balneário Ipanema, a Ambi.
Foi para a Zona Sul em 1983, em busca de sossego. — Isso aqui era uma maravilha. Antes, morou na avenida Venâncio Aires, na década de 70. Achou que o local estava ficando movimentado demais. Foi para o Menino Deus, onde viveu alguns anos, até perder o sol, quando construíram um prédio ao lado.
— Quem vem para cá (Ipanema) quer o verde. Isso é qualidade de vida. E estão acabando com a arborização, que está nas casas, protesta. — Esse Plano Diretor foi feito para fomentar a construção civil! Não foi feito para o morador!, diz, em tom exaltado. Ele acredita que os moradores que participaram da discussão não tinham cultura urbanística para entender a pressão dos construtores. — Não houve contraponto. E a Prefeitura aceitou, para ganhar dinheiro com impostos sobre os imóveis, acredita. Entre as queixas, o pouco recuo dos novos condomínios. Exemplo, em sua região, é o que não falta. Quem chega na Zona Sul logo percebe que a região parece um canteiro de obras. Nas ruas internas, entre as principais avenidas, são dezenas, centenas de pequenos condomínios horizontais.
Esgoto in natura
As preocupações, além do esgoto in natura, que vai para o Guaíba, e dos crescentes alagamentos, é com o adensamento e a falta de infra-estrutura: mesmo as vias principais são estreitas para a quantidade cada vez maior de automóveis.
— Não temos uma malha viária para suportar mais veículos. E falta infra-estrutura: escolas, postos de saúde, saneamento. Isso aqui vai virar outra Goethe, prevê o advogado Marçal Davi, uma das lideranças do bairro Tristeza. (GK)