Exploração ameaça riqueza do mar em SC
2005-04-13
Os cuidados com a preservação ambiental em Santa Catarina ainda são insuficientes para assegurar sua sustentabilidade a longo prazo. Num Estado onde mais de R$ 20 bilhões são gerados por conta do mar, são inúmeros os problemas de preservação registrados pelo Núcleo de Estudos do Mar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo o coordenador Eduardo Juan Soriano Sierra, a contaminação em função dos poços artesianos que retiram a água do lençol freático ocorre porque a água salgada do mar entra no sistema subterrâneo e saliniza o líquido. A ocupação desordenada das áreas de marinha, dunas e entornos de canais, como na Barra da Lagoa e Armação, na Capital, gera conflito. No Litoral Sul do Estado, os problemas ocorrem com a contaminação das águas dos rios e do mar com agrotóxicos utilizados nas lavouras, por causa da proximidade com a costa.
O lixo sólido deixado nas praias por turistas, além de comprometerem a balneabilidade, matam golfinhos, tartarugas e outros animais marinhos que se asfixiam com plásticos e sujeiras. Os barcos ancorados em praias, quando mal regulados, contaminam o mar com óleo. A tinta antiincrustante utilizada nos cascos para proteger de cracas e mariscos é altamente tóxica , carregadas com metais pesados. Mas a boa notícia é que a conscientização está aumentando e a fiscalização efetiva também. Mesmo com aumento da população, há manutenção dos recursos. A Fundação do Meio Ambiente (Fatma) realiza a medição da balneabilidade em 180 pontos da costa catarinense e avalia os resultados. Na baixa temporada, 19% dos pontos são impróprios para banho. No entanto, durante os meses de dezembro a março, este índice sobe para 24%.
As belezas naturais das praias de SC, que tanto encantam os turistas, atraem 3 milhões de visitantes todos os anos e geram receita de mais de R$ 1,2 bilhão por temporada de Verão, estão ameaçadas pela falta de saneamento básico, poluição de esgotos e rios, contaminação de barcos e lixos sólidos. Investimentos na infra-estrutura e na conscientização ambiental são medidas mais do que necessárias para preservar não só a natureza, mas também a sobrevivência de milhares de catarinenses que dependem do turismo.
Degradação muda biodiversidade
Sustento de milhares de catarinenses, a pesca, quando praticada de forma indiscriminada e irresponsável, altera a biodiversidade marítima e põe em risco o futuro da própria atividade. A pesca predatória é uma degradação constante no Litoral de Santa Catarina, responsável pela queda contínua no volume de captura de pescados. Conforme o professor Eduardo Juan Soriano Sierra, coordenador do Núcleo de Estudos do Mar da UFSC, a pesca predatória é motivada por três fatores. O primeiro é o desrespeito ao período de defeso por pescadores que capturam peixes ainda em período reprodutivo ou mesmo pré-reprodutivo. As malhas muito finas utilizadas hoje prendem não só os peixes em tamanho adequado, mas também crustáceos e animais de pequeno porte, todos jovens demais. E, por fim, ocorre ainda um tipo de pesca não seletivo. Aquilo que é pescado junto com as espécies mais procuradas pela população não é aproveitado, mas também é retirado do mar. (Diário Catarinense, 12/04)