Sem alarde, Angra 3
2005-04-13
Sem muito alarde, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) se reúne nesta quarta-feira (13/04) para tomar uma decisão extremamente polêmica: avaliará se recomenda ou não ao Presidente da República a conclusão da usina atômica Angra 3, em Angra dos Reis (RJ).
Integrado, em sua maioria, por ministros, sem representações expressivas da sociedade, o CNPE pretende debater – se um adiamento não for acertado – o relatório do grupo de trabalho criado em 21 de julho 2003 para analisar o empreendimento Angra 3.
Os ambientalistas vêem na eventual decisão por construir a usina um
afastamento ainda maior do que aqueles verificados durante as duas (também
polêmicas) liberações por Medida Provisória do uso comercial de organismos
geneticamente modificados, os transgênicos, em decisão que está sendo
contestada pela Procuradoria-Geral da República.
Segundo a estatal Eletronuclear, dona de Angra 1 e 2: — o progresso do
empreendimento Angra 3 é da ordem de 30%. Grande parte do suprimento de
equipamentos importados já está concluída e armazenada no local, estando sob
um sistema de preservação, manutenção e inspeções técnicas que garantem as
perfeitas condições de utilização dos equipamentos e máquinas. A conclusão
da usina a custo mais baixo do que a construção de uma nova é o principal
argumento dos que defendem a utilização da energia atômica.
No outro lado da contenda, os ambientalistas argumentam que é necessário
alterar o paradigma tecnológico da geração da energia brasileira e
introduzir importantes taxas de geração de energia eólica e solar na matriz
energética do País.
O Brasil precisa escolher o tipo de desenvolvimento que deseja para si: se
pretende continuar apostando na geração de grandes blocos de energia a
partir de poucas unidades de produção ou se tem coragem para priorizar o
aproveitamento das inesgotáveis - e desconcentradas - fontes de energia a
partir do sol e do vento, para as quais ainda precisa desenvolver tecnologia
economicamente viável.
Exatamente como nos anos 1970, quando criou tecnologia nacional de
aproveitamento do álcool combustível, durante as crises do petróleo. Uma
política pública amplamente criticada à época. E hoje reconhecida
mundialmente. (Por Carlos Tautz - http://outraglobalizacao.zip.net/ - 11/04)