Acareação aponta consórcio para assassinar irmã Dorothy
2005-04-11
Suspeito de ser o intermediário no assassinato da missionária Dorothy Stang, Amair Feijoli da Cunha, o Tato, confirmou ontem na acareação com Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, que o pagamento pela morte da religiosa seria dividido entre Regivaldo e o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, caracterizando assim a formação de um consórcio na execução da freira.
Taradão já seria conhecido de Bida e teria vendido a ele terras griladas em áreas destinadas à implantação do Programas de Desenvolvimento Sustentável. Na presença dos delegados Waldir Freire, da Polícia Civil, e Ualame Machado, da Polícia Federal, e de promotores do Ministério Público, Tato reiterou que os R$ 50 mil, que seriam usados para pagar os pistoleiros Rayfran das Neves e Clodoaldo Batista, seriam de Taradão e Bida. Cada um pagaria R$ 25 mil.
– Para mim não resta dúvida de que Bida e Taradão são mandantes deste crime. Há claramente cinco pessoas envolvidas nesse caso, que são os dois executores, o intermediário e os dois mandantes que seriam os financiadores da execução, mas não dá para falar ainda em outros nomes - disse o promotor Lauro Freitas, que preferiu não falar em consórcio.
O promotor Sávio Brabo de Araújo, que também acompanha o caso, vai mais além. Para ele, o consórcio é real. – Fica comprovada a existência de um consórcio nesse caso - disse.
Fazendeiro negou envolvimento no crime
A acareação entre Tato e Taradão foi feita no complexo penitenciário de Americano, no município de Santa Izabel, Região Metropolitana de Belém.
Taradão negou todas as acusações. Disse que nada tinha contra a freira e que compareceu espontaneamente para prestar depoimento. Ele teve prisão preventiva pedida por 30 dias, que poderá ser prorrogada por mais 30. Ele está preso desde a quinta-feira no Centro de Recuperação do Coqueiro, no município de Ananindeua, próximo a Belém. O fazendeiro Luís Ungaratti, citado por Bida em um bilhete, prestou depoimento hoje à Polícia Federal e mais uma vez negou ter tido qualquer participação no assassinato da missionária. (ZH 09/04)