Teoria sobre gestão internacional de bens pode dar base à interferência na Amazônia, diz diplomata
2005-04-11
Uma doutrina que se vem estabelecendo em círculos de debate internacionais sobre a existência de bens públicos comuns, como água potável e recursos florestais, a serem gerenciados pela comunidade internacional e não pelos países onde elas se localizam, pode ser o embrião de futuras ingerências estrangeiras na Amazônia, avalia o secretário executivo do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.
O diplomata explicou que se trata de idéias ainda debatidas em seminários, embora possam ser propagadas para círculos cada vez mais amplos. E fez a ressalva de que a principal preocupação brasileira deve ser a de administrar adequadamente a região. No início deste ano, o Itamaraty divulgou nota em resposta a declarações do ex-comissário da União Européia para o Comércio, Pascal Lamy. Segundo Guimarães, em um debate da Comissão Econômica para a Europa, em Genebra, sobre governança global , Lamy, que hoje é candidato à diretoria-geral da Organização Mundial do Comércio, declarou-se favorável a regras internacionais para bens públicos comuns como as florestas tropicais (sem se referir especificamente à Amazônia), a água, a pesca e a camada de ozônio. A conveniência de se emitir essa nota foi questionada pelos senadores. Guimarães respondeu que não se tratou de uma declaração exagerada, senão firme, e que se destinava a reafirmar que o Brasil tem competência para administrar o seu território.
O debate teve a presença de especialistas e autoridades convidados pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. A proposta para a realização da audiência foi do senador Jefferson Peres. A inspiração para a realização da audiência, segundo os senadores, veio de repetidas indagações de cidadãos sobre uma mensagem eletrônica que circula pela internet há alguns anos com a foto de um suposto mapa usado em escolas americanas. A carta mostra o território brasileiro separado da região amazônica, considerada área de domínio internacional. Os especialistas presentes foram unânimes em dizer que se trata de uma fraude. (Amazônia.org, 08/04)