Linhas e gasodutos poderão reduzir em 80% necessidade de subsídios para sistemas isolados
2005-04-11
O montante gasto para subsidiar a geração termelétrica nos sistemas isolados da Região Norte do país poderá cair pelo menos 80% só com a entrada em funcionamento de duas linhas de transmissão e dois gasodutos na região. No ano passado, R$ 3,1 bilhões em recursos da Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis (CCC) foram destinados à geração termelétrica no Norte do Brasil. Em vigor desde 1993, a CCC arrecada recursos junto a todos os consumidores de energia elétrica do país para financiar o óleo diesel consumido pela geração termelétrica das áreas isoladas.
Para 2012, a estimativa inicial era de que o volume de subsídios provenientes da CCC chegasse a R$ 5,7 bilhões. Mas esse custo pode cair para pouco mais de R$ 1 bilhão com a construção das linhas de transmissão Vilhena-Jauru (380 quilômetros de extensão) e Tucuruí-Macapá-Manaus (1.400 quilômetros). Os relatórios técnicos necessários para a licitação de ambas as linhas já foram concluídos. — São projetos fundamentais para o abastecimento das regiões isoladas, que hoje têm de ser sustentadas por esses encargos cobrados de todos os consumidores, afirma o presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau.
Outros dois empreendimentos estratégicos que vão contribuir para a redução do consumo de óleo diesel nos sistemas isolados são os gasodutos Coari-Manaus e Urucu-Porto Velho. Com a chegada do gás natural às capitais do Amazonas e de Rondônia, o custo de geração nas usinas termelétricas - a partir da substituição do óleo diesel - cairia para aproximadamente um quarto do valor atual. De acordo com a Petrobras, as obras do gasoduto Coari-Manaus foram iniciadas no mês passado.
Com uma área de 3,87 milhões de quilômetros quadrados, a Região Norte abrange 45% do território brasileiro, mas sua população é de apenas 7,5 milhões de habitantes (4% do total). Para atender a um universo de 1,4 milhão de consumidores de energia elétrica, o Norte conta com 2.941 megawatts (MW) de capacidade instalada, levando-se em conta apenas a potência efetiva. Desse total, 78% correspondem a usinas térmicas. Apesar de compreenderem uma vasta extensão territorial, os sistemas isolados responderam por somente 2% do consumo brasileiro de energia em 2004.