Indústria se une a ONGs contra exportação de madeira ilegal para a Europa
2005-04-11
Empresas madeireiras européias uniram-se ao Greenpeace, WWF e FERN (Rede de Recursos Florestais da Europa) para pedir que a União Européia adote medidas e leis mais rigorosas quanto à importação de madeira ilegal e predatória.
Um documento elaborado pelas três ONGs e assinado por mais de 70 empresas européias foi apresentado no dia 8 em uma conferência sobre a iniciativa FLEGT (sigla em inglês para Implementação da Legislação Florestal, Governança e Comércio), organizada pelo Greenpeace, WWF e FERN, no Parlamento Europeu, em Bruxelas. No documento, empresas como B&Q, Homebase and Habitat (Reino Unido), Castorama (França), Ikea e Skanska (Suécia), Unital (União das Indústrias Italianas de Móveis de Madeira), JYSK Nordic (Dinamarca) e Puertas Luvipol (Espanha) pedem regras claras para acabar com a ilegalidade no comércio de produtos florestais.
A maior parte da madeira explorada na Amazônia tem origem ilegal e destrutiva, contribuindo para a destruição da biodiversidade e empobrecimento de milhões de pessoas que dependem das florestas para manter seu modo de vida tradicional. As práticas ilegais estimulam conflitos sociais e estão frequentemente associadas ao crime organizado. A União Européia é um dos maiores importadores de madeira e produtos derivados, com papel importante no comércio de madeira ilegal e predatória. Boa parte da madeira comercializada já está legalizada quando chega aos países importadores, porém deixa um rastro de ilegalidades nos países produtores.
Em maio de 2003, a Comissão Européia adotou um Plano de Ação para a Implementação da Legislação Florestal, Governança e Comércio (FLEGT) e submeteu ao seu conselho uma proposta de acordos de parceria voluntária com países produtores. O objetivo é melhorar a governança no setor florestal e implementar um sistema de rastreamento para garantir que apenas madeira legal seja exportada para a Europa. Embora a proposta possa ter um impacto positivo, sob certas circunstâncias, as ONGs e a indústria concordam que apenas a abordagem voluntária é insuficiente para solucionar o problema. Além disso, também ressaltam que a madeira proveniente de desmatamento é tão destrutiva quanto a ilegal e deverá ser proibida.
Desde março o Greenpeace realizou várias ações denunciando a chegada de madeira ilegal à Finlândia e Portugal, países que ainda não se comprometeram publicamente com o plano de ação FLEGT da União Européia. No dia 22 de março, ativistas bloquearam a entrada do navio Skyman no porto de Leixões (Portugal) buscando impedir a entrada de madeira ilegal da Amazônia no País.(Amazônia.org, 8/4)