Detectado supervulcão abaixo do Parque de Yellowstone
2005-04-11
–Esta é uma história baseada em fatos reais, embora não tenha sido bem-sucedida. Assim começa um documentário da Discovery Channel e da BBC que especula a possibilidade de uma catástrofe de proporções desmensuradas. O culpado seria um supervulcão localizado abaixo do Parque de Yellowstone.
O programa está baseado na documentação abundante recompilada por mais de 40 especialistas em vulcanologia, geologia, climatologia, geografia e arqueologia sobre estes gigantescos vulcões. O Yellowstone entrou em erupção em três ocasiões: uma faz 2,1 milhões de anos, outra há 1,2 milhão de anos, e a mais recente, há apenas 640 mil anos. Nas três ocasiões, foram milhares de vezes – umas seis mil, concretamente – mais potentes do que a que em 1980 provocou a morte de 57 pessoas e a destruição de uma ampla zona do Monte Santa Helena, em Washington.
Atualmente o solo do Parque de Yellowstone emite de 30 a 40 vezes mais calor que a média da América do Norte, e é precisamente este calor que causa as atrações hidrotermais do parque, lugar do mundo onde se pode encontrar a maior concentração de gêiseres, águas termais e vapores.
Se o calor de 50 metros quadrados do local fosse convertido em eletricidade, geraria 100 Watts. Todo o parque emite calor suficiente para iluminar uma cidade de mais de 2 milhões de pessoas. Embora existam supervulcões em diferentes lugares do mundo, este conta com o maior potencial letal e se encontra justamente debaixo do Parque de Yellowstone. Os cientistas o chamam de gigante adormecido, mas após estudarem o mobimento do magma abaixo do parque e constatarem a elevação média do solo de Yellowstone – sete centímetros nos últimos anos – fizeram acender luzes de alarme.
Porém, as erupções de supervulcões não são muito freqüentes. Elas têm ocorrido uma a cada cem mil anos, nos últimos milhões de anos. Faz três anos que a Sociedade Geográfica Britânica lançou um alerta mundial para que os governos levem em conta a possibilidade da erupção de um supervulcão, fenômeno até dez vezes mais provável que o choque de um asteróide contra a Terra.
–Não queremos parecer sensacionalistas com este tema, mas uma erupção de um supervulcão vai ocorrer, diz o professor Stephen Self, geólogo da Universidade de Milton Keynes e membro da equipe de cientistas que elaborou o documento. –Não podemos prever o tempo em que ocorrerá a erupção, mas acabamos de sofrer um desastre gigantesco na Ásia e devemos refletir sobre a possibilidade que agora seja a vez de um vulcão, acrescentou. (El Mundo, 9/4)