Banco do Brasil vai avaliar impacto social e ambiental de empréstimos
2005-04-08
O Banco do Brasil anunciou ontem a sua adesão aos chamados Princípios do Equador, conjunto de recomendações socioambientais que devem nortear operações de crédito para empreendimentos com valor superior a US$ 50 milhões.Na prática, significa que, ao conceder empréstimos de grande valor, o BB passará a checar não apenas se o empreendimento tem retorno econômico-financeiro, mas também se foram levados em consideração possíveis custos ambientais ou sociais. A lista de preocupações inclui a proteção de habitats, populações indígenas, segurança de barragens, propriedade cultural, projetos em hidrovias, saúde e segurança de trabalhadores.
Hoje, 13 projetos da carteira do BB têm valores superiores a US$ 50 milhões - sobretudo na área de infraestrutura - e terão que observar os critérios. A expectativa é que o número cresça com o início das Parcerias Público-Privadas (PPPs). O BB anunciou ainda que irá dar um passo além do Princípios do Equador: vai exigir estudos, ainda que simplificados, para um total de 300 projetos de sua carteira com valor superior a R$ 10 milhões. Além disso, irá aplicar cerca de mil grupos econômicos de sua carteira de clientes, com faturamento anual superior a R$ 100 milhões, a um verificação sobre práticas e políticas na área socioambiental.
O vice-presidente de crédito e gestão de riscos do BB, Adézio de Almeida Lima, disse que, ao analisar esses aspectos, o banco está reforçando os controles de riscos de crédito do banco. – São inúmeros os casos na história do próprio BB, principalmente na década de 1970, de projetos que não mediram adequadamente esses riscos, e terminaram por causar prejuízos ao banco. Até hoje, o BB exigia dos clientes apenas o atendimento das normas legais - isto é, se a legislação determinava um relatório de impacto ambiental (Rima), a documentação correspondente devia ser apresentada para que o dinheiro fosse liberado.
Certamente, esse conjunto de análises vai representar custos adicionais para as empresas – O gasto vale a pena, se você considerar que, com a ação preventiva, as empresas vão evitar prejuízos mais adiante, disse o vice-presidente de responsabilidade socioambiental do BB, Luiz Oswaldo Sant Lago Moreira de Souza.
Antes do BB, outros quatro bancos brasileiros haviam aderido aos Princípios do Equador: Bradesco, Itaú, Unibanco e ABN AMRO. Esses critérios foram estabelecidos em 2002 por grandes bancos e pelo Internacional Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial. (Valor 07/04)