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2005-04-06
Por Carlos Carvalho

Nas considerações finais da Comissão da Seca da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, formada após a constatação dos prejuízos causados pelas estiagens, existem dados valiosos. De acordo com o cálculo dessa Comissão, os prejuízos atingiram 18 bilhões apenas no último verão, reduzindo a receita do Estado em dois bilhões, fora a redução das arrecadações municipais em cerca de 300 milhões.

Ao contrário do que possa parecer, o parágrafo acima foi escrito em 1978, pelo jornalista André Pereira no prefácio do livro Santa Soja, com o trabalho dos fotógrafos Luiz Abreu, Jacqueline Joner, Eneida Serrano e Genaro Joner. O livro foi publicado pela Assembléia Legislativa e significou um marco na fotografia documental do Rio Grande do Sul.

Mas essa história começa antes, quando os quatro fotógrafos faziam parte da cooperativa que editava o jornal independente Coojornal que, enquanto durou, manteve uma postura de resistência à ditadura militar. Além de editar e publicar o Coojornal, a cooperativa de jornalistas prestava serviços para outras publicações. Em uma delas, a revista Agricultura e Cooperativismo, o grupo de fotógrafos pôde colocar em prática uma fotografia documental que buscou uma linguagem que colocava no centro das discussões não apenas os aspectos econômicos, mas o social, o ambiental e as contradições da relação homem/terra.

O nome do livro, Santa Soja, vem de uma oração criada pelos agricultores daquela época, e mostra o clima de euforia que existia com o cultivo do grão e que foi dizimado pela seca. E antecipa para todos nós um desastre ambiental que resultou na concentração de terra e semeou o nascedouro do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Os fotógrafos enxergaram isso e buscaram no trabalho o aprofundamento da relação entre a fotografia e as comunidades fotografadas. A concepção de monocultura, que se aprofundou nos dias de hoje, fez com que pequenos agricultores não resistissem aos prejuízos causados pela seca e fossem obrigados a vender suas terras para quitar as dívidas contraídas, ampliando a extensão de terras que alimentou o crescimento do latifúndio. Ao serem espremidos espacialmente, muitos agricultores se marginalizaram, pois as cidades não conseguiam absorver um excesso de oferta de mão-de-obra que servia apenas para o campo e não estava preparada para trabalhar em um ambiente urbano. Criou-se o clima perfeito para que pequenos agricultores se organizassem para demandar terra e apoio para produção.

De acordo com o fotógrafo Luiz Abreu, o grupo se dividia em equipes, com um repórter e um fotógrafo, que iam a campo buscar os depoimentos dos agricultores e ao mesmo tempo tentar interpretar o que acontecia no estado. Cada saída durava pelo menos uma semana, o que permitia um aprofundamento sobre as questões locais. Abreu conta que havia no grupo o sentimento de vivenciar o dia a dia dos agricultores e tornar a documentação fotográfica o mais próximo possível do significado real da vida daquelas pessoas.

Embora com estruturas e premissas diferentes, Abreu compara o resultado desse trabalho com o famoso projeto Farm Security Administration, criado pelo governo norte-americano após a Grande Depressão de 1929. Ao montar o projeto, o governo americano queria entender quem eram aqueles agricultores, qual era o perfil daquelas pessoas que abandonavam o campo para tentar uma sobrevida nas cidades. No aspecto gestual e da busca por uma certa distância íntima, o trabalho de Abreu se aproxima do trabalho da fotógrafa Dorothea Lange, um dos talentos revelados pelo Farm Security. Cabe relembrar que, mais tarde, em pleno processo de desentendimentos internos na equipe do Farm Security, principalmente com os coordenadores, Dorothea Lange reclamou da maneira pela qual as fotos estavam sendo utilizadas. O que existe em comum, com a então insatisfação de Lange e a postura dos quatro fotógrafos gaúchos foi a descoberta do compromisso que existe entre a fotografia e as questões sociais e mais do que isso, com a construção de uma linguagem fotográfica que, na verdade era a tarefa maior de cada um deles.

Jacqueline Joner e Eneida Serrano já vinham de experiências anteriores na grande imprensa e a busca pela autonomia na linguagem levou a uma união dos dois talentos. As passagens pelo jornal Zero Hora, o Globo, Jornal da Tarde e Estadão deu a base para definição das personalidades de cada uma delas, que ao se unirem à Luiz Abreu e Genaro Joner, formaram o que seria a futura agência Ponto de Vista, onde os quatro profissionais puderam colocar em prática exatamente isso: um ponto de vista fotográfico.

Veja as fotos no site www.jornalja.com.br em Coluna Fotografia.

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