Sertanejo, sem fé na transposição
2005-04-05
A transposição de águas do Rio São Francisco, debatida desde o Século XIX, é um sonho tão vivo no imaginário do sertanejo que ele não admite discutir a necessidade ou a prioridade da obra. O Valor percorreu, durante 11 dias, 2.200 km no Ceará, Pernambuco, na Paraíba e na Bahia, em áreas que serão beneficiadas pelo Eixo Norte da transposição, e inicia hoje a publicação de uma série de quatro reportagens.
Chove pouco no atual inverno do semi-árido nordestino, mas a maior parte dos açudes ainda tem bastante água do inverno de 2004. Os açudes, porém, estariam mais cheios se o desperdício não fosse uma das características mais presentes na região a ser beneficiada pela polêmica transposição.
A obra, prioridade do governo Lula, está prestes a sair do papel, mas o sertanejo é descrente. Prefere colocá-la na conta de mais um período eleitoral que se aproxima. – Desde menino a gente ouve falar nessa transposição. A gente já perdeu a fé, diz Francisco José da Silva, 43, agricultor de Marizópolis. (Valor 04/04)