Ambientalista rebate argumentos a favor do plantio florestal
2005-04-01
Se fosse possível qualificar a postura da ambientalista Káthia Vasconcellos - do Núcleo Amigos da Terra (NAT) - seria a coragem sua principal virtude. Após uma bateria de argumentos a favor do plantio florestal, a ecologista subiu ao palco do seminário Reflorestamento e Desenvolvimento Sustentável, promovido pelo Ambiente Já em Porto Alegre na quarta (30/3) e botou as cartas na mesa. Num primeiro momento, pareceu concordar com a situação. Káthia afirmou que com o passar dos anos a legislação ambiental tornou-se mais rígida e as próprias empresas estão mais conscientizadas em relação à questão ambiental. Depois, porém, rebatendo presidente da Ageflor, Roque Justen, ressaltou que o florestamento e a monocultura em áreas como o pampa e o litoral afetam o equilíbrio ambiental e sua biodiversidade. — Os extremos não são bem vindos na questão ambiental, afirmou ao defender o manejo de sistemas integrados.
Como exemplo de desequilíbrio ambiental citou a situação da Lagoa do Peixe. A região localizada no litoral do Estado, naturalmente era uma área sem árvores. Com a plantação massiva de Pinus o regime da Lagoa teria mudado. — Antes ela comunicava-se naturalmente com o mar, atualmente essa comunicação só é possível com a intervenção do homem, afirma. Apesar de seus argumentos terem sido rebatidos nas palestras anteriores, a ambientalista não perdeu a oportunidade de espetar uma das empresas patrocinadoras do evento. Citou em alto e bom tom que a Votorantim faz parte do consórcio Baesa, responsável pelo desastre ambiental que se avizinha em Barra Grande, na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. (Ingrid Holsbach)