Carlos Matsubara

A presidente da Vida Soluções Ambientais, Lara Lutzenberger lembrou das palavras de seu pai, José Lutzenberger, falecido há quase três anos, sobre o plantio de eucalipto no pampa gaúcho. — Nós conversávamos sempre sobre a importância de se preservar esse ecossistema, lembrou, ao destacar que o pampa, assim com a caatinga, são biomas recentemente reconhecidos pela sua biodiversidade. Lara foi uma das palestrantes do painel A Sustentabilidade Ambiental do Reflorestamento e da Produção Florestal, durante o Seminário Reflorestamento e Desenvolvimento Sustentável, promovido pelo Ambiente JÁ, na quarta-feira (30/3) no Plaza São Rafael, em Porto Alegre.

A ambientalista, que também preside a Fundação Gaia, fundada por Lutz, adota postura moderada ao comentar as implicações ambientais do negócio florestal no Rio Grande do Sul. — Temo que a substituição da madeira por outros materiais possa ser muito pior, disse, ao citar o plástico e o alumínio como eventuais concorrentes da madeira. — O alumínio implica em mineração e o plástico, um material extremamente poluente e derivado do petróleo, destacou. Lara também lembrou que seu pai, por meio das duas instituições que fundou, a Gaia e a Vida, realizou diversas experiências com plantio de eucalipto e obteve excelentes resultados com relação à biodiversidade. Isso, segundo ela, descaracterizaria os projetos de reflorestamento como vilões ambientais.

Ressalvas
Ela deu uma verdadeira aula aos ouvintes ao discorrer sobre a importância do pampa, passando pela sua formação geológica e história para relacionar com a cultura gauchesca. Tudo isso para deixar clara sua preocupação com eventuais bobagens que eventualmente poderiam ser cometidas com o meio ambiente. — Hoje existem técnicas de plantio que possibilitam a convivência harmoniosa do eucalipto com outras espécies, afirmou. Outra ressalva se refere ao plantio maciço. Lara lembrou que o eucalipto é muito mais rentável do que outras culturas, como a pecuária, por exemplo, e que isso poderia seduzir os produtores. — Acredito que a integração de culturas seja o mais próximo do ideal. Especula-se que o plantio de eucaliptos possa ocupar de 2% a 3% das áreas agricultáveis no Estado. Conforme Lara, esse número seria viável. — Não estamos falando de 20% ou 30%, acredita. Pelo menos por enquanto.