Soja invade zona florestal em MT e desmatamento é acelerado
2005-03-31
O Grupo de Trabalho de Florestas do Fórum de Organizações Não-Governamentais e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento apresentou as conclusões do estudo Relação entre cultivo de soja e desmatamento. A pesquisa comprovou a relação direta e indireta entre o aumento da área plantada com soja e o os desmatamentos na região Norte de Mato Grosso, conforme levantamento realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), através de sobrevôos e comparação de as imagens aéreas com outras imagens de satélites e com uma lista dos 65 maiores desmatamentos ilegais na região.
Em meados de janeiro, causou grande polêmica na imprensa a divulgação dos resultados de um outro estudo sobre a soja, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), denominado Crescimento Agrícola no período 1999-2004, Explosão da Área Plantada com Soja e Meio Ambiente no Brasil. Os pesquisadores do Governo não só apontaram que a soja não seria responsável por novos desmatamentos, como também chegaram a dizer que ela poderia contribuir para a preservação ambiental. Na época, já dispondo de conclusões preliminares do seu estudo, o ISA discordou do Ipea.
O trabalho patrocinado pelo GT de Florestas revelou que as áreas de cerrado e de floresta de transição desmatadas nos últimos anos, no Norte do Mato Grosso, foram convertidas para o cultivo da soja em tempo bem inferior ao estipulado como limite pelos técnicos do Ipea. Além disso, ficou provado que, ao ocupar antigas áreas degradadas de pasto, as plantações de soja também empurram a pecuária floresta adentro, ampliando os desmatamentos de forma indireta.
A elaboração da pesquisa aconteceu dentro do esforço empreendido pelo GT de Florestas, desde outubro de 2003, para tentar pactuar com o Ministério da Agricultura (MAPA) critérios ambientais para a comercialização e as políticas agrícolas do setor. O ministro Roberto Rodrigues admitiu em público, pela primeira vez, a correlação entre a sojicultura e os desmatamentos, no dia 20 de dezembro do ano passado, justamente durante a apresentação das conclusões preliminares do estudo. (Página Rural, 30/03)
A íntegra do estudo está disponivel em formato PDF no endereço: http://www.amazonia.org.br/arquivos/152245.pdf