A primeira usina brasileira de biodiesel foi inaugurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Cássia, no interior de Minas Gerais, na semana passada. A Usina de Biodiesel Soyminas produz o combustível a partir do girassol e do nabo forrageiro com capacidade para 12 milhões de litros por ano. Outras 25 usinas deverão entrar em funcionamento nos próximos meses.

Lula afirmou que o país tem potencial para se tornar um grande produtor de biodiesel. O programa de incentivo à produção do biodiesel contará com o apoio logístico da Petrobras para garantir a distribuição do produto em território nacional. Segundo o presidente, a distribuição será o principal desafio para o sucesso do programa.

- O mundo vai reconhecer que o Brasil é incomparavelmente o único do mundo que tem as melhores condições porque aqui nós temos terra boa para a agricultura. Aqui nós temos o que a agricultura brasileira e o mundo precisam para plantar o biodiesel e fazer disso uma grande fonte de enriquecimento do nosso povo, do nosso país e, porque não dizer, de outros países - afirmou.

Simultaneamente à inauguração da usina, uma picape Chevrolet S10, versão Executive, cabine dupla, com motor 2.8 litros turbodiesel, tornou-se o primeiro veículo nacional a ser abastecido com biodiesel em um posto de combustíveis em Belo Horizonte. O evento marcou o início da venda do combustível ecológico no país. O posto Ponteio da ALE Combustíveis é o primeiro de uma série a ter em suas bombas a opção do biodiesel.

Derivado de fontes naturais e renováveis, como soja, mamona, amendoim, babaçu, nabo, dendê e girassol, o biodiesel usado nos motores tradicionais, apesar de ter propriedades físicas semelhantes ao diesel, reduz hidrocarbonetos, monóxido de carbono e matéria particulada. Também pode ser produzido a partir de gorduras animais e óleos residuais de fritura. Como o álcool, também chamado de combustível verde, tem queima limpa, exige mudanças mínimas nos motores e pode ser misturado ao diesel.

O biodiesel é produzido a partir da filtragem do óleo vegetal e o processamento do líquido com produtos alcalinos para remover as gorduras. Depois, o óleo é misturado ao álcool e a um catalisador. O processo resulta em ésteres e glicerol, substâncias que são separadas. Pela lei, as distribuidoras poderão acrescentar até 2% de biodiesel no diesel vendido nos postos. A distribuição será feita, a princípio, pela Petrobras.

Além da origem nacional e 100% renovável, o biodiesel reduz a emissão de gases poluentes que causam o efeito estufa e também a dependência do país em relação ao petróleo. Fortalece o agronegócio e cria um novo mercado para óleos vegetais. A frota brasileira consome 37 bilhões de litros de diesel por ano. Com a adição de 2% do biodiesel no diesel, a importação do derivado do petróleo será reduzida em 33% com a economia estimada de US$ 450 milhões. (ZH, 31/03)