Modelagem espacial para atividades de visitação pública em áreas naturais
2005-03-31
Resumo: As atividades recreativas em áreas naturais são apresentadas como uma ferramenta capaz de conciliar desenvolvimento e conservação. Entretanto, a falta de um planejamento que leve em consideração os fatores relacionados com sua sustentabilidade pode ocasionar graves impactos tanto ecológicos como econômicos e sociais. No Brasil, onde as discussões sobre o assunto são muito recentes, existe falta de informações sistematizadas sobre as verdadeiras repercussões do uso recreativo e sobre a recuperação dos ambientes. Além da própria complexidade do assunto, existe uma outra dificuldade em razão da bibliografia específica, dispersa e nem sempre de fácil acesso. No presente trabalho é feita, no primeiro capítulo, uma revisão bibliográfica sobre: a natureza dos impactos; os fatores relacionados a sua ocorrência e à capacidade de carga do ambiente; os métodos de avaliação de impacto mais usados; e a experiência brasileira. Esta revisão forneceu a base teórica necessária para a elaboração do estudo de caso, visando discutir a sustentabilidade ecológica das atividades recreativas.
No segundo capítulo foi realizado um estudo na antiga Fazenda Santa Carlota (SP),área de elevado potencial turístico. Para tanto, elaborou-se um zoneamento ecológico, em ambiente de SIG, sintetizando as fragilidades e as oportunidades. Para o Mapa de Fragilidades foram utilizadas as informações abióticas (pedologia,declividade, geomorfologia e clima) e bióticas (vegetação e fauna) relacionadas com a capacidade de carga para recreação (CCR) do ambiente. Para o Mapa de Oportunidades, foi feito um levantamento preliminar dos atrativos potenciais para a área de estudo. O resultado é o Mapa de Zoneamento Ecológico que classifica a fazenda em cinco zonas: três zonas propostas para o desenvolvimento de atividades recreativas, com níveis diferentes de fragilidade e potencialidade; uma de uso especial, onde está o patrimônio histórico; e uma zona de recuperação. Foi estimada a CCR, adaptando o método de Cifuentes (1992), para cada uma das três zonas destinadas para o uso.
Os valores obtidos representam os limites máximos de uso que devem ser permitidos de forma a evitar a degradação dos recursos naturais. Estes valores não são absolutos e incorporam conhecimento científico e juízos de valor. A utilização do SIG mostrou-se adequada para o objetivo de zoneamento ecológico para fins recreativos. O método de CCR mostrou-se flexível e rápido. Porém, a CCR foi superestimada devido aos fatores importantes não incorporados por falta de dados específicos e à escala de trabalho.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autor: Maria Francisca Roncero Siles.
Contato: pakirs@universiabrasil.net