Índios Caiuás voltaram a ocupar, na semana passada, a área de 15 hectares, ao lado da Aldeia Panambizinho, no município de Dourados e que, segundo os agricultores, pertence a um agrônomo da região. A ocupação causou revolta nos produtores que chegaram a falar em retirar os barracos de lona com tratores e máquinas agrícolas. Os produtores rurais acabaram recuando e passaram a observar de longe os índios, que estavam armados com flechas, pedaços de pau e facão, com os rostos pintados, como fazem em situação de guerra. O diretor do núcleo da Funai em Dourados, Jonas Rosa, se reuniu com o líder indígena Waldomiro Osvaldo Aquino e o representante dos colonos Adélcio Marques Rosa. Não houve acordo sobre a desocupação das terras. Apesar de estarem armados, os índios dizem que não querem conflito com os agricultores. - O que nós queremos é que alguma providência seja tomada, sabemos que a culpa não é dos agricultores, mas nós estamos cansados de esperar por uma atitude do governo, chegou a hora de ocuparmos aquilo que é nosso, disse Waldomiro. Adélcio Marques Rosa afirma que a atitude dos índios em invadir um espaço ocupado por um dos proprietários rurais já demonstra que eles não estão abertos ao diálogo e sim dispostos a gerar algum tipo de conflito entre índios e brancos. - Eles falam que não querem conflito com a gente, mas como não, se estão ocupando área de um dos agricultores. Para nós, o fato deles ocuparem uma propriedade significa que ocuparam todas. Eles estão em um local que não lhes pertence, afirmou o agricultor. A Polícia Federal foi acionada e deverá visitar a Aldeia Panambizinho. Policiais militares do destacamento do Panambi também conversaram com os índios e pediram que a ordem fosse mantida no local. O conflito entre índios e agricultores teve início em 1995, quando o então ministro da Justiça, Nelson Jobim, assinou decreto considerando de propriedade indígena 1.250 hectares ocupados pelos colonos desde o final da década de 40, quando o então presidente Getúlio Vargas deu título de propriedade aos colonos. O caso está sendo visto na Justiça Federal, que ainda não se manifestou sobre a permanência ou não dos proprietários rurais na área. Eles afirmam que só deixam o local se forem indenizados com valores estipulados por eles próprios. Cerca de 200 índios ocupam uma área de apenas 60 hectares no Panambizinho.