AVANÇO SOBRE A AMAZÔNIA IGNORA EXPLOSÃO DE ARBOVIROSE EM HUMANOS
2001-09-03
Parece óbvio, mas poucos se dão conta disso ou se preocupam em evitar: o ser humano constrói estradas, barragens e fazendas pela floresta amazônica e, como conseqüência dessa proximidade, vai se tornando uma vítima desprotegida do arbovírus, transmissor de doenças como a dengue e a febre amarela, as mais conhecidas, mas também de outras fatais como oropouche e mayaro, além de outras mais fracas. Há no total 187 tipos diferentes de arboviroses (doenças transmitidas por insetos artrópodes). O resultado é o enorme crescimento de epidemias que tem acontecido na Amazônia em geral (não só na brasileira). A relação entre uma colonização amazônica e a ausência de cuidados com as doenças presentes em seu ecossistema foi tema de um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Evandro Chagas e publicado na edição mais recente da revista Cadernos de Saúde Pública. Os pesquisadores registraram datas de eventos de colonização e os relacionaram com o surgimento de epidemias graves. Data dos anos 70, década em que foi feita a estrada Transamazônica, o surgimento das primeiras epidemias anotadas no levantamento, num total de 5 (uma em Goiás e quatro no Pará). Na década seguinte (construção de hidrelétricas e o aumento da exploração do solo) foram detectadas epidemias mais distribuídas, num total de seis, sendo duas no Pará e outras em Goiás, Amazonas, Amapá e Maranhão. Na década de 90 (o levantamento foi feito até 1999), em cujo início houve a intensificação da atividade mineradora e a ampliação da colonização econômica, ocorreu uma explosão das epidemias graves, num total de 13. Os pesquisadores acreditam que é necessário intensificar estudos sobre as conseqüências epidemiológicas em momentos de colonização intensiva, para que se possa avaliar sua distribuição e evitar mortes. O artigo foi assinado por Pedro Vasconcelos, Amélia Travassos da Rosa, Sueli G. Rodrigues, Elizabeth Travassos da Rosa, Nicolas Dégallier, e Jorge Travassos da Rosa.