O tradicional Rio Amarelo, na China, volta a ter peixes
2005-03-30
Os primeiros sinais de revitalização do Rio Amarelo mereceriam ter roubado a cena das comemorações esta semana do Dia Mundial da Água na China. Incessantemente fustigado e degradado ao longo das últimas décadas, o berço da civilização chinesa voltou a desembocar no Mar Amarelo e a abrigar pássaros, peixes e outras espécies supostamente extintas em seu leito.
O feito serve de referência para uma sociedade onde 400 milhões de pessoas sofrem com a escassez de água, mas nem sempre encontra o devido respaldo entre autoridades locais ou regionais.
O Rio Amarelo disputa o topo da lista dos rios mais degradados do planeta. A falta de uma política integrada para toda sua bacia, os vertiginosos níveis de assoreamento, a impiedosa poluição gerada pelo despejo de metais pesados e o uso intensivo de suas águas para projetos de irrigação provocaram uma interrupção de 780 km em seu fluxo.
Uma tragédia anunciada que dizimou 40% das suas espécies de peixes e aves, eliminou pântanos do mapa, afetou o cotidiano de 300 milhões de pessoas e impôs incalculáveis prejuízos às milhares de indústrias e cultivos agrícolas estabelecidos ao longo de seu curso. O sopro de vida que atualmente brinda o rio Amarelo, no entanto, não é fruto de nenhum mega-projeto ou de pesados investimentos efetuados pelos chineses.
- Começamos a revitalizar o rio a partir da definição dos níveis de gerenciamento e do controle da distribuição de seu potencial - afirma o diretor do Departamento de Distribuição de Recursos da Comissão dos Trabalhos Hídricos do Rio Amarelo, An Xindai.
O sistema implantado pelos chineses é digitalizado e supervisiona o fluxo, os índices pluviométricos, o volume distribuído e os impactos provocados pela seca em todo o seu curso, estimado em 5.464 km. Segundo o governo chinês, a iniciativa promoveu uma expansão de US$ 18,7 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) nas regiões banhadas por suas águas nos últimos cinco anos. (O ESP, 28/03)