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2005-03-29
Vivem no Brasil entre 50 mil e 56 mil espécies vegetais nativas. Mais, acredita-se, que em qualquer outro país. Em termos de mamíferos, a marca de 524 espécies já descritas é insuperável. Os peixes fluviais devem totalizar perto de 3 mil, outro recorde mundial quase certo. Somando a estes 1.622 espécies de aves, 468 de répteis e 517 de anfíbios, temos o virtual primeiro lugar nos vertebrados em geral. De posse desses números e levando em conta a extensão do território, sua vasta gama de ecossistemas e as lacunas de conhecimento que restam na área, Ibsen de Gusmão Câmara, autor de Megabiodiversidade Brasil, conclui: - o país é muito provavelmente o campeão em diversidade biológica.

Essa abundância de formas de vida, porém, não protege o país de uma ameaça global: a chegada diária de animais e plantas de outras regiões do planeta. Essa importação de espécies, quando bem manejada, pode trazer benefícios, mas também implica riscos consideráveis. Alguns casos já ganham as páginas dos jornais, como por exemplo, uma espécie de mexilhão que galgou mais de 2 mil quilômetros da bacia do Prata e já se acomodou numa série de hidrelétricas.

A introdução de espécies exóticas (estrangeiras) é apontada como um dos principais fatores globais da perda da biodiversidade. Isso porque, ao se instalarem em novos locais, esses animais e plantas competem espaço, luz e alimentos com aqueles que já existiam ali, em muitos casos os predam ou contaminam com parasitas. Estima-se que no mundo as espécies invasoras custem por ano em torno de US$1,5 trilhão em gastos e prejuízos. A situação já chamou a atenção da ONU, que instituiu o Programa Global de Espécies Invasoras para estudar o problema e propor medidas de controle. Há um levantamento nacional em andamento e, em outubro, com a lista pronta ou quase, acontecerá em Brasília um simpósio sobre o assunto. – A relação deve passar de 400 espécies – prevê André Jean Deberdt, da Coordenação da Fauna do Ibama. Essa conta diz respeito apenas invasores já estabelecidos, que estejam procriando no novo lar. A coordenação do estudo cabe ao Instituto Hórus e à The Nature Conservancy, dos quais partiu a iniciativa, depois ampliada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Completam o time a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Oceanográfico da USP, a Secretaria de Qualidade Ambiental do MMA e a Uiniversidade Federal de Viçosa (MG).

O que está catalizando esse fenômeno é a ação humana, com a modernização dos transportes, a intensificação do comércio global, a expansão da agricultura e da pecuária e a aceleração das mudanças no ambiente e no clima. (Carta Capital, 30/03)

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