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2001-08-31
Um paraíso ambiental e ecológico, quase intocado e cheio de estórias, com colônias de pescadores e lendas de um passado brilhante, está ameaçado. Um consórcio Petrobras (40%), El Paso (40% e quarta maior empresa norte-americana de energia), Ipiranga (10%) e Unocal Corporation (10%) estão realizando no local explosões sísmicas marinhas e terrestres para obter dados sísmicos marítimos, visando subsidiar, em conjunto com outros estudos geológicos, a identificação de estruturas favoráveis à acumulação de hidrocarbonetos. Sendo a terceira maior baía do Brasil e a segunda área em extensão do que restou da Mata Atlântica, a Baía de Camamu (que inclui os municípios de Valença, Ituberá, Nilo Peçanha, Tancredo Neves, Camamu, Cairu, Taperoá, Maraú e Igrapiúna) é considerada santuário ecológico, unindo a piscosidade de suas águas a um dos maiores manguezais do País, na chamada Costa do Dendê, ao sul da Bahia. O Consórcio está reivindicando, junto ao Ibama, a liberação para testes sísmicos nos blocos BCAM-2 e BM-CAL-4, além da área BAS-97 (todos na baía de Camamu). Desses blocos iniciais, a El Paso devolveu à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a BCAM-2 porque o contrato de concessão outorgado à Petrobras em 6 de agosto de 1998, pelo prazo de três anos (Lei 9.478/97), encerrou. Mas os riscos continuam nos outros dois blocos. As explosões (a partir de quatro canhões emitindo bolhões de ar comprimido de 16,13 metros cúbicos) seriam realizadas em uma área de 350 quilômetros. Além disso, serão enterrados 600 hidrofones. Ongs locais apontam falhas na documentação encaminhada pelo Consórcio para obter do Ibama a licença para as explosões. Mas, até agora, não houve retorno algum sobre o pedido de audiência encaminhado ao ministro José Sarney Filho.

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