Acusado de mandar matar Dorothy se entrega à polícia
2005-03-29
O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de mandar matar a missionária americana Dorothy Stang no dia 12 de fevereiro passado, se entregou ontem à Polícia Federal e a homens do Exército em Altamira, sudoeste do Pará. Bida, que passou 42 dias como foragido da Justiça, negou o crime: – Sou inocente, não tenho nada a ver com este crime - afirmou, escoltado por agentes da Polícia Federal.
O fazendeiro afirmou que estava se apresentando para provar sua inocência e se recusou e dizer onde ficou escondido nos últimos dias. Vitalmiro foi levado de helicóptero para Belém, onde prestou depoimento ao delegado da Polícia Federal, Ualame Machado. Na delegacia, ele voltou a negar ter encomendado a morte da freira. Afirmou se considerar vítima de uma trama dos pistoleiros Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo. Ainda no depoimento, garantiu que não teria interesse em mandar matar a freira.
O secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, comemorou a prisão: – Completou-se o ciclo de prisões. Ele estava sendo cassado e era uma questão de tempo. Foi um exemplo de que não vai ter mais impunidade no país para esse tipo de crime.
A rendição vinha sendo negociada havia três semanas diretamente com a PF e com a comissão externa do Senado formada para acompanhar o caso. Os senadores Ana Júlia (PT-PA), presidente da comissão, e Eduardo Suplicy (PT-SP) foram os responsáveis pelas negociações. Para garantir que Bida se entregasse, a PF montou uma operação sigilosa. O fazendeiro não queria aparecer na cidade de Altamira e mandou um recado por seu advogado a três delegados da PF, avisando que aguardava a presença dos policiais em uma pequena estrada do município.
De acordo com o delegado da PF Anderson Souza Dáurea, para se entregar Bida exigiu o afastamento de representantes do governo do Pará e do senador Fernando Flexa Ribeiro. Também exigiu ficar preso na carceragem da PF em Belém e não no presídio de Americano 3, onde estão os demais acusados. (JB 28/03)