Mais um ano de seca e déficits em centrais hidrelétricas argentinas
2005-03-29
O crescimento da atividade econômica na Argentina e o aumento do consumo esperado para 2005 voltaram a colocar na mira o setor energético. Depois da crise de 2004, as empresas e o governo temem complicações.
O ano hidrológico apresenta-se novamente seco. Isto significa que as centrais hidrelétricas – que produzem 40% de toda a energia elétrica do país – não terão água suficiente para trabalhar a pleno vapor.
A falta de gasolina e óleo para as indústrias e para o agronegócio e os cortes de gás dos establecimentos fabris, além da piora da qualidade do serviço elétrico em várias regiões do país, são os temores mais comuns.
O impacto econômico dessa crise pode superar 3 bilhões de pesos, segundo cálculos das empresas e da Secretaria de Energia. No ano passado, o governo teve que fazer frente a um gasto extra de US$ 2 bilhões para cobrir as importações de gás, óleo e combustível derivado de óleo que foram consumidos pelas centrais térmicas e pela indústria. A maior parte destes custo foi absorvido pelo Tesouro e uma pequena parte foi trasladada a usuários industriais.
Agora, cálculos oficiais e privados prevêem um aumento de quase 60%. Esse incremento sustenta-se em dois fatores. Por un lado, o maior consumo de gás e de combustíveis alternativos para cobrir a crescente demanda industrial e o menor aporte das centrais hidrelétricas.
Por outro, os aumentos médios de 30% registrados nos preços dos combustíveis importados devido à escalada mundial do petróleo e à atualização do valor do gás que vem da Bolívia.
Para cobrir este rombo, o governo apelará para o aumento de produção das centrais térmicas. Mas como o gás disponível não é suficiente para todas, as usinas térmicas precisam funcionar com óleo e gasóleo, que precisam ser importados, face à escassa produção local. Em 2004, foram trazidos da Venezuela 850.000 toneladas de óleo e pouco menos de 80 mil toneladas de gasóleo. Neste ano, será necessário importar mais de 1,2 milhão de toneladas de óleo combustível e cerca de 200 mil de gasóleo. (Clarín, 28/3)