Comissão aprova relatório sobre execução de Dorothy Stang
2005-03-24
A Comissão Externa do Senado, criada para acompanhar as investigações sobre o assassinato da missionária americana Dorothy Stang, aprovou, hoje, o relatório preliminar dos trabalhos desenvolvidos nos municípios paraenses de Anapu, local do crime, ocorrido no dia 12 de fevereiro passado; Altamira e, na capital, Belém. Cópias do documento, com 60 páginas, foram distribuídas aos membros da comissão, que recebeu o nome da religiosa, para que façam suas observações. Na próxima terça-feira, o relatório será novamente discutido. A reunião foi marcada para as 9h.
Ainda na terça-feira, às 15h, a comissão fará nova reunião para aprovar o relatório final e entregá-lo ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Dorothy Stang foi morta com seis tiros, quando se dirigia ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), implantado pelo Incra, no município de Anapu, sudoeste do Pará, a partir de propostas da religiosa de 73 anos. Ela já estava há mais de 20 anos na região, sempre trabalhando em defesa dos direitos dos trabalhadores rurais e do meio ambiente.
A comissão do Senado, presidida pela senadora Ana Julia Carepa (PT-PA), acompanhou as investigações das Polícias Federal e Estadual do Pará e realizou várias audiências para ouvir autoridades públicas sobre a segurança e as questões fundiária e ambiental da região.
O relator da comissão, senador Demostenes Torres (PFL-GO), disse que o relatório aprovado hoje traz algumas conclusões sobre o possível consórcio criado para bancar o assassinato da missionária e de outras lideranças rurais do Pará. O senador acrescenta que há no documento várias sugestões e propostas para o governo federal e o governo do Pará, com vistas a solucionar as questões envolvendo os conflitos agrários e os crimes ambientais largamente praticados na região Norte, assim como para ampliar a própria presença do Estado na região.
O senador Flecha Ribeiro (PSDB-PA), que participou das audiências públicas em Anapu e Altamira, indagou se o relatório faz referência ao acompanhamento do assassinato de duas outras pessoas, no Pará, após o assassinato da irmã Dorothy e pediu que conste no relatório o compromisso do governo federal de liberar R$ 12,5 milhões, com suporte do governo estadual, para a área de segurança pública do Pará. Segundo ele, sem a liberação desses recursos a segurança pública do Pará pode ficar comprometida e, conseqüentemente, possibilitar a ocorrência de novos crimes semelhantes à execução de Dorothy Stang.
Ana Júlia Carepa afirmou que todas essas questões serão debatidas na próxima terça-feira. Ela pediu ao senador Flecha Ribeiro que providencie o documento com o compromisso do governo de liberação das verbas para a segurança pública do Pará. – O relatório é resultado dos nossos registros, com base no que nos foi passado formalmente. Esse tipo de questão só poderá constar do nosso trabalho se tiver esse documento com o comprometimento do governo. Vamos fazer uma solicitação para que esse documento nos seja encaminhado até à reunião de terça-feira, disse. (JB 23/03)