Polícia Federal quer leis mais fortes contra crime ambiental
2005-03-23
O novo chefe da Divisão de Repressão a Crimes Ambientais da Polícia Federal, delegado Paulo Tarso, afirmou que a legislação brasileira em vigor não trata esse tipo de crime da forma como deveria, ao não disponibilizar ferramentas e instrumentos tanto para quem fiscaliza quanto para quem tem de combatê-lo. A afirmação foi feita no documentário Amazônia - terra cobiçada, veiculado pelas rádios Nacional da Amazônia e de Brasília.
O delegado explicou que a Divisão contra Crimes Ambientais na Polícia Federal foi criada porque a demanda estava muito grande. Acrescentou que o crescimento desse tipo de crime ocorre em razão do grande retorno financeiro que ele rende aos infratores. Na Amazônia, afirmou o delegado, existe uma atuação organizada de grupos, principalmente na área de animais silvestres.
O chefe da repressão ao crime ambiental da PF informou que os contrabandistas chegam a levar até partes de animais silvestres como, por exemplo, dentes de uma onça. Há muitos casos ainda de artesanato indígena exportado ilegalmente, penas de arara, de mutum e de peixes ornamentais. De acordo com o delegado, eles pescam em grande quantidade e levam como se fosse para consumo, mas na verdade são ornamentais.
A questão da madeira ilegal também preocupa a Polícia Federal e segundo Paulo Tarso, na Amazônia é importante a cooperação e a troca de informações sobre os criminosos que estão atuando nessa área, entre as embaixadas e os adidos policiais. Como exemplo, ele citou a ida de uma comitiva oficial do governo brasileiro, no dia 4 de abril, a Lima, no Peru, para tratar da invasão dos madeireiros peruanos ao lado brasileiro.
– Esses madeireiros peruanos estão ligados aos madeireiros asiáticos e há até um conflito na região, envolvendo os indígenas da etnia Ashaninka, que têm uma parte no lado do Brasil e a outra no lado do Peru, onde foi devastada grande área e agora eles estão invadindo o lado brasileiro - disse Paulo Tarso. (O Globo 22/03)