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2005-03-23
A água subterrânea disponível no mundo é muito superior àquela que está na superfície e que é largamente consumida pela humanidade há milênios. Durante muito tempo, as pessoas esqueceram que havia um verdadeiro tesouro líquido nas profundezas da terra e agora que as estatísticas de entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU) apontam para uma futura escassez de água, os pesquisadores estão concentrando esforços para medir a quantidade e a qualidade dos mananciais subterrâneos.

Na Bahia, o Núcleo de Estudos Hidrológicos e do Meio Ambiente (Nehma), grupo ligado ao Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba), há dois anos realiza pesquisas sobre os lençóis subterrâneos do estado, tanto em áreas urbanas, como Salvador, quanto no interior, principalmente na região do semi-árido. Um dos parceiros do núcleo é o governo do estado, através da Superintendência de Recursos Hídricos (SRH), entidade que hoje, Dia Mundial da Água, está completando dez anos de existência. O grupo tem ainda o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e de entidades de amparo à pesquisa, como CNPq e Fapesb.

– As pesquisas realizadas pelo Nehma visam auxiliar no monitoramento dos recursos hídricos do estado, ajudando a medir o potencial e a qualidade, principalmente da água subterrânea. Assim, é possível determinar os usos para essa água, seja o consumo humano, animal, irrigação e etc, explicam os professores Luiz Rogério e Joana Luz, ambos pesquisadores do Nehma.

Entre as pesquisas realizadas pelo grupo, uma linha atua especificamente com a água subterrânea em Salvador. Uma das estudantes vinculadas a essa linha concluiu, no início deste ano, uma pesquisa sobre as características hidroambientais das fontes naturais da capital baiana. A pesquisa da estudante, inclusive, serviu de parâmetro para a confecção do painel hidrológico atualmente em exposição no Dique do Tororó. Em breve, outro painel será colocado junto à Fonte da Bica, em Itaparica.

Outra pesquisa do Nehma busca medir o impacto dos aterros sanitários sobre os lençóis subterrâneos. Em Salvador, o núcleo tem um convênio com a Vega, empresa que administra o Aterro Metropolitano Centro para auxiliar no monitoramento dos recursos hídricos ao redor do aterro. – Por serem áreas geradoras de resíduos, os aterros sanitários podem representar um possível impacto para os lençóis subterrâneos, diz o professor Luis Rogério.

Na linha de pesquisa sobre o semi-árido, além de identificar reservatórios de água subterrânea e determinar o tipo de uso adequado para essa água, o Nehma atua junto às comunidades capacitando-as para o uso racional do recurso. Segundo a professora Joana Luz, a grande vantagem da água subterrânea sobre a de superfície é que os reservatórios naturais embaixo do solo, em grutas e rochas, ficam mais protegidos que a água de superfície, daí que essa água subterrânea requer menos etapas de tratamento, o que a torna mais barata e de fácil acesso para as populações mais pobres.

Água pode faltar em 40 anos
Ainda tem gente que não acredita, mas os relatórios da ONU não deixam dúvidas: em 40 anos, as reservas de água potável do planeta estarão bastante comprometidas e mais de 45% da população mundial não terá água nem para as necessidades básicas. Atualmente, cerca de metade do planeta já enfrenta problemas de escassez de água doce. De cada cinco seres humanos, um não tem água de boa qualidade para beber. A crise de água em alguns lugares do mundo provoca até guerra entre nações. No Oriente Médio, os países situados as margens dos rios Tigre e Eufrates se desentendem sobre a melhor forma de utilizar os recursos dos dois mananciais. (Correio da Bahia 22/03)

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