Nova lei da EPA sobre mercúrio omite dados conflituosos
2005-03-23
Quando a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) revelou, na semana passada, uma norma para limitar as emissões de mercúrio das plantas energéticas do país, oficiais enfatizaram que o controle sobre o metal pesado não poderia ser mais agressivo devido aos custos, para a indústria, já serem excessivos em relação ao que a sociedade poderia pagar. O que eles não revelaram é que um estudo feito pela Universidade de Harvard, pago pela EPA, e realizado em co-autoria por cientistas da EPA, e ainda revisado por dois cientistas da própria EPA, chegou à conclusão oposta.
Esta análise estimava benefícios à saúde cem vezes superiores àqueles previstos pela EPA, mas agentes executivos foram ordenados a omitir estes achados do público, segundo um membro da equipe que ajudou a elaborar a norma. A consideração ao estudo de Harvard forçaria a agência a considerar controles mais estritos, informaram ambientalistas e autores do estudo.
A questão do mercúrio tem, há muito tempo, sido foco de um debate caloroso entre unidades de produção de energia e defensores do meio ambiente. Para os defensores da saúde, o mercúrio é tão prejudicial a fetos e mulheres grávidas a ponto de demandar controles estritos das emissões. Mas grupos industriais e a própria administração Bush têm alertado que medidas mais agressivas de controle do metal implicariam custos muito pesados à sociedade. (Washington Post, 22/3)