Condenação da OMC a subsídio e novo algodão GM animam produtores
2005-03-22
Produtores de algodão brasileiros comemoraram a liberação da nova variedade de algodão transgênico e disseram que a combinação deste fator com a decisão recente da OMC contra os subsídios à cultura nos EUA deverão levar o Brasil a ser um dos grandes produtores e exportadores mundiais.
O algodão geneticamente modificado tipo Bt da Monsanto recebeu aprovação da CTNBio na quinta-feira. O produto contém um gene da bactéria Bacillus thuringiensis, que faz com que a planta se torne resistente a alguns tipos de insetos.
Adilton Sachetti, um dos maiores produtores de algodão do Mato Grosso, conhecido como o rei da pluma no país, considerou a aprovação do algodão GM (geneticamente modificado) uma grande vitória.
– Sem os subsídios norte-americanos e com a diminuição dos custos de produção devido ao plantio transgênico, o Brasil tem tudo para avançar e competir com os grandes produtores, como China e Estados Unidos, afirmou Sachetti, que também é prefeito de Rondonópolis, principal pólo agrícola mato-grossense.
O Brasil, atualmente o 5o. maior produtor mundial de algodão, era o único dos grandes exportadores que ainda não tinha autorização para comercializar variedades geneticamente modificadas.
– Podemos dizer que a liberação demorou até demais. Deixávamos a ciência de lado para curtir ideologias. Finalmente estamos em condições de competir com qualquer país no cultivo de algodão, declarou Sachetti.
A mesma opinião é compartilhada pelo diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Hélio Tollini.
– O país conseguiu, enfim, sair do atraso tecnológico na cotonicultura, e o mais importante é que os gastos reduzidos podem incentivar pequenos agricultores a investir em algodão, considerada uma cultura cara, afirmou.
Tollini acredita que o custo poderá diminuir em 300 dólares por hectare -- cerca de 20 por cento do total.
Segundo o executivo, sem as variedades transgênicas, os inseticidas correspondiam de 40 a 45 por cento das despesas totais no Brasil. Já nos EUA, onde o plantio de algodão modificado já era autorizado, esse valor girava em torno de 15 por cento.
Sachetti estima que os inseticidas respondam por quase 50 por cento dos gastos na lavoura algodoeira, que giram em torno de 1.500 dólares por hectare.
Segundo o produtor, a economia gerada com a semente modificada deverá causar uma grande procura por parte do setor produtivo.
– Todos os produtores de algodão daqui de Mato Grosso vão querer comprar o transgênico; basta saber se a Monsanto terá oferta suficiente para nós, completou.
Sachetti afirma que planeja plantar de 20 a 30 por cento de sua lavoura de 12 mil hectares com a semente modificada na safra 2005/06.
A Monsanto informou que ainda aguarda aprovação do registro da semente do algodão Bt junto aos órgãos reguladores do governo para que a comercialização das sementes possa começar.
A aprovação causou protestos de grupos ambientalistas. O Greenpeace criticou a rapidez da CTNBio em decidir pela liberação do algodão Bt. Disse que seria necessário um amplo estudo de impacto ambiental e que o cultivo da variedade geneticamente modificada vai ameaçar a existência de outras espécies. (Uol 18/03)