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2005-03-22
A Aracruz Celulose anunciou que desenvolverá no Rio de Janeiro o seu Programa Produtor Florestal. O programa é prejudicial ao pequeno produtor, pois o eucalipto rende 25 vezes menos que o plantio de culturas tradicionais, como as hortaliças, como foi provado em pesquisa realizada no Espírito Santo. A empresa se apoderou de terras dos índios, dos quilombolas e de pequenos proprietários capixabas.

Em informação divulgada pela mídia nacional, a Aracruz informa que terá como parceiro no Programa Produtor Florestal a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A empresa anuncia o programa de fomento para a região noroeste fluminense, e já a partir deste semestre. Mente ao dizer que seu projeto de desenvolvimento de base florestal beneficiará os pequenos produtores locais.

A empresa quer promover a aproximação imediata dos pequenos produtores locais com a companhia: quer ainda obter a garantia do licenciamento ambiental, em junho. Os contratos seriam assinados em julho, e o plantio começará em outubro, como quer a empresa.

O anúncio foi feito pela Aracruz Celulose no seminário realizado no município de Itaperuna, sobre competitividade e responsabilidade social, para os prefeitos da região. O representante da empresa destacou entre as vantagens oferecidas pela criação de florestas, a geração de emprego e renda e o aproveitamento de espaços abandonados e o reflorestamento de áreas degradadas, como foi informado na mídia nacional.

A empresa diz o plantio de eucalipto garante renda permanente para o pequeno produtor, uma vez que o eucalipto tem aceitação crescente nos mercados doméstico e internacional. A empresa projeta atender 32% do mercado mundial de celulose em 2006 (em 2004 foi de 2004). A Aracruz Celulose teve lucro líquido de R$ 1 bilhão em 2004 (em 2003, seu lucro líquido empresa foi de 870 milhões).

No balanço, a empresa confirma que tem eucaliptos plantados em 71 mil hectares no que chama Programa Produtor Florestal, e que incorporou mais de 3 mil agricultores a este programa. Assume que tem plantios de eucalipto em 252 mil hectares, e a propriedade de outros 133 mil hectares de terras, em quatro Estados. Mas os ambientalistas apontam que a empresa tem cerca de 450 mil hectares plantados com eucalipto, somente no norte do Espírito Santo e sul da Bahia.

MPA alerta para os perigos da monocultura.
O Movimento dos Pequenos Produtores (MPA) denuncia que a Aracruz Celulose continua comprando terras boas para a agricultura, expulsando os agricultores do campo para as cidades. E que a grande jogada da empresa contra os pequenos produtores rurais é exatamente o Programa Produtor Florestal. Através deste programa, a empresa se exime de responsabilidades na agressão ao Meio Ambiente que ocorre com a monocultura. O plantio de eucalipto destrói a água e a biodiversidade, e exige o emprego de elevadas cargas de agrotóxicos. E dispensa mão-de-obra, expulsando os agricultores do campo. Ao arrendar suas terras para a Aracruz Celulose no Programa Produtor Florestal para plantio de eucalipto, o produtor assume o desgaste pela destruição ambiental que a monocultura provoca. Ao ingressar no Programa Produtor Florestal, o agricultor recebe da Aracruz Celulose as mudas, e tem assegurado a compra da madeira produzida. Caso a produção do eucalipto seja feita de modo independente, o produtor pode vender o eucalipto no mercado, a um preço muito maior do que o pago pela Aracruz. No fim do contrato, restará para o produtor a terra degradada pelo envenenamento, com perda de nascentes, entre outros problemas, e completamente inviabilizada para a cultura de cereais e hortaliças, por exemplo. O plantio de eucalipto rende 25 vezes menos do que o cultivo de cereais e verduras, como apontou pesquisa realizada no Espírito Santo. A direção do MPA no Espírito Santo aponta que os principais destruidores do Meio Ambiente na área rural capixaba são os eucaliptais da Aracruz Celulose, os plantios de cana das usinas de açúcar e álcool, e a exploração do mármore e do granito. Anuncia que os plantios extensivos de mamona serão os próximos vilões no campo. (Boletim de Justiça Ambiental 17/03)

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