Hidrelétricas chinesas degradam o Rio Mekong
2005-03-21
Durante gerações incontáveis, os pescadores do Rio Mekong passaram sua sabedoria e modo de vida de pai para filho: os ritmos daas águas, os hábitos de muitos tipos de peixes, as melhores redes e armadilhas usadas para sobreviver e prosperar.
Mas agora, muitos deles vêem a pesca diminuir, e o fluxo das águas tornar-se inconstante. E preocupa-se por quanto tempo sua família poderá sobreviver sem o rio.
A razão é a China. O voraz apetite da China por energia hidrelétrica nas áreas mais ao Sul do rio têm modificado o Rio Mekong. Esta mudança não é verdadeira somente para a China, mas para cinco nações e para 60 milhões de pessoas que vivem na área rural onde o grande rio serve como uma corrente de vida.
A China concluiu duas hidrelétricas na parte de cima do rio, e está construindo mais três, adiante. Corais e pedras da borda do rio em Laos e Myanmar foram detonados para abrir caminho para as hidrelétricas. Conservacionistas temem pelo futuro do rio e da paisagem.
Espécies de peixe encontradas na margem norte do Mekong, na Tailândia, caíram de 100 para apenas 88, no ano passado, segundo Sayan Khamnueng, pesquisador da Rede Sul-asiática de Rios e integrante de um grupo de ambientalistas. Os níveis das águas e as temperaturas das mesmas flutuaram amplamente, ameaçando o meio ambiente e desequilibrando as comunidades de pescadores que dependem deste meio de vida, que gera um volume de US$ 2 bilhões por ano.
Um dos mais controversos projetos é uma hidrelétrica a ser construída no afluente do Mekong, o Theun. Trata-se de uma obra de US$ 1,3 bilhão que aguarda a liberação de garantias por parte do Banco Mundial ainda para março, por meio de um consórcio entre a Electricity Generating Authorithy Thailand (EGAT) e a empresa francesa Electricité de France. (NY Times, 20/3)