Defensoria da Água entrega relatório à ONU sobre áreas contaminadas no Brasil
aterros sanitários
Aterro Mantovani
resíduos tóxicos
2005-03-18
Representantes da Defensoria da Água, organização não-governamental, entregarão nesta quarta-feira ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, relatório sobre Áreas Contaminadas no Brasil. O documento apresenta casos graves de violação de direitos humanos envolvendo mais de 15 mil comunidades expostas a áreas com solos contaminados e cita nomes de grandes empresas e autoridades do governo brasileiro.
O relatório denuncia casos como o do Aterro Mantovani na cidade de Santo Antonio de Posse, em São Paulo, onde 63 indústrias depositam cerca de 500 mil toneladas de lixo tóxico em uma área cercada de comunidades. O lançamento na Lagoa de Carapicuíba, também em São Paulo, de 700 mil toneladas de metais pesados e lixo proveniente do rio Tietê também consta do documento.
Os dois casos são apontados pelo secretário geral da defensoria, Leonardo Morelli, como os piores de contaminação e impunidade no Brasil, envolvendo autoridades e grandes multinacionais.
A falta de água potável e de instalações sanitárias serão discutidas nesta quinta-feira, na Suíça, por especialistas do mundo inteiro. O 2º Fórum Alternativo Mundial sobre a Água, organizado por entidades não-governamentais de diversos países, pretende retomar as propostas e ações do 1º Fórum realizado em 2003, na Itália.
Entre elas, está o reconhecimento do acesso à água como direito humano, social e universal.De acordo com as Nações Unidas, em 2003, havia mais de 1 bilhão de pessoas no mundo sem acesso a água potável e 2,4 bilhões sem instalações sanitárias. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2003, dos 49,1 milhões de domicílios pesquisados, 82,5% tinham água canalizada e 69% tinham serviço de esgoto.
A deputada Selma Schons (PT-PR), integrante da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, vai participar do Fórum. Para garantir que a água seja sempre considerada direito das gerações futuras, um bem da humanidade, a parlamentar vai sugerir a criação de um Fórum Parlamentar Mundial em Defesa das Águas.
Ela explica que para discutir a importância da água, em todos os níveis, como política focal, regional, nacional e internacional, os países e entidades que atuam no setor terão que se organizar mundialmente.
O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) também participa do Fórum, que se encerra no domingo. (O Globo 17/03)