Área suspeita em Piracicaba terá barreira anti-poluição
2005-03-15
Os proprietários da área de canavial às margens da estrada de Charqueada –– na qual ambientalistas flagraram amostras de terra supostamente contaminadas na semana passada –– afirmaram ontem que vão interromper o plantio no terreno e providenciar nesta semana a construção de barreiras para impedir que o material escorra até um córrego da região.
As medidas adotadas por eles obedecem a recomendações da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e da Secretaria de Estado da Agricultura, que investigam a denúncia feita pelo Proam (Instituto Nacional de Proteção Ambiental). O órgão sustenta que a área virou depósito de moagem de sucata, com potencial cancerígeno.
Os donos do terreno, José Antonio Vitória e Orlando Vitória, afirmam que são vítimas de pessoas que depositam entulho na área, por ela ser de fácil acesso, e que fariam isso em horários que eles não conseguem flagrar. Eles estiveram ontem no Jornal de Piracicaba com o vereador José Lopes (PPS), que neste fim de semana tirou fotos de outras dez áreas da região onde fica o canavial, em Santa Teresinha, para provar, por meio de um dossiê, que depósitos irregulares de entulhos são freqüentes em terrenos públicos e particulares do bairro, tornando os proprietários vítimas do problema.
— Jogam de tudo lá. Carcaça de carro, tijolo, cachorro morto. Nunca conseguimos pegar o caminhão que faz os depósitos para denunciar, e também não sabíamos da gravidade disso - disse José Antonio Vitória.
O vereador José Lopes disse que as fotos que ele tirou para formar um dossiê dos descartes em Santa Teresinha serão entregues nesta semana à Cetesb e também à prefeitura.
— Foram localizados, com fotos, resíduos de sucata em aterros clandestinos e em áreas de preservação ambiental ao lado da rodovia Hermínio Petrim com SP-304, em pátios de postos de gasolina, em aterros clandestinos com caminhões de entulho e terras de sucatas descarregando irregularmente - diz o documento.
O gerente regional da Cetesb em Piracicaba, Adílson Rossini, afirmou que o vereador o comunicou do dossiê, mas ainda não entregou o relatório.
— Tem de se apresentar essa informação para nós, que então vamos avaliar, atender à denúncia e fazer um levantamento. Mas a princípio não temos ciência de que esteja havendo descartes clandestinos na região de Santa Teresinha. Nos principais pontos de areia de fundição em Piracicaba já temos um trabalho de monitoramento, com as indústrias - afirmou.
Rossini anunciou na semana passada que a Cetesb colheu amostras do canavial supostamente e as encaminhou para análise em São Paulo. Mesmo sem ter a prova da contaminação, a Cetesb estará monitorando a área. (Jornal de Piracicaba, 14/03)