Bacia do Rio Meia Ponte, entre Goiás e Minas, tenta sobreviver
2005-03-15
A Bacia do Rio Meia Ponte faz parte do complexo hidrográfico da Bacia do Rio Paraná, localizando-se na região superior (norte) do Rio Paranaíba. O Rio Meia Ponte percorre 415 Km até a sua foz, drenando 37 municípios do Estado de Goiás. Suas nascentes localizam-se na Serra dos Brandões, município de Itauçu, sendo sua foz no Rio Paranaíba, município de Cachoeira Dourada, divisa do Estado de Goiás com o Estado de Minas Gerais. Ao longo dos anos, o Rio Meia Ponte vem recebendo uma forte carga poluidora que tem prejudicado a vida aquática, fazendo com que as espécies nativas sofressem um processo de extinção.
Atualmente são encontradas apenas três espécies nativas no Rio Meia Ponte, dentre elas: Matrinchã, Piau, e Lambari, e outras espécies migratórias, como: Pintado, Dourado e Piracanjuba. Como conseqüência da ocupação do espaço físico do Rio Meia Ponte, podem-se distinguir duas fontes poluidoras: a urbana e a rural. A primeira é representada pelas atividades industriais e pelos efluentes domésticos sem tratamento, e a segunda engloba atividades de pecuária (suinocultura, piscicultura, bovinocultura e agroindústrias) e de extração mineral.
Por outro lado, a utilização dos Recursos Hídricos é intensiva, possuindo diversas finalidades, tais como irrigação, geração de energia, piscicultura e abastecimento de água para cidades, como Goiânia, Bonfinópolis, Hidrolândia e outras. Com o objetivo de minimizar o impacto da carga poluidora do Rio Meia Ponte, a Saneago inaugurou em 2004 a Estação de Tratamento de Esgotos de Goiânia, que tem capacidade para tratar 75% dos esgotos coletados da população da capital, devolvendo vida ao Rio Meia Ponte. A Estação de Tratamento de Esgotos tem se preocupado não apenas com o tratamento dos esgotos, mas também em revitalizar a vida aquática, com a criação de uma piscicultura, nomeada João Bennio Baptista.
A piscicultura é o ramo da aqüicultura que se ocupa do cultivo de peixes. O sucesso da aqüicultura depende, em grande parte, da escolha do local onde será implantado o projeto. Por isso, diversos fatores de infra-estrutura local devem ser considerados e analisados antes de sua implantação. Quanto aos fatores biológicos, devem ser observados principalmente a água em termos de quantidade e qualidade, o solo, a topografia do terreno e os fatores climáticos. A quantidade de água disponível determina a população de peixes a ser estocada, porém, se a qualidade da água estiver fora dos limites requeridos pela espécie a ser cultivada, não haverá uma resposta eficiente em termos de crescimento e engorda. As águas de rios, riachos e reservatórios são utilizadas, porém deve-se ter um cuidado maior devido à poluição e à presença de outros peixes.
A piscicultura João Bennio Baptista é abastecida pelas águas do Rio Meia Ponte, tendo como objetivo repovoar o Rio com espécies nativas catalogadas e espécies migratórias encontradas em seu leito. A piscicultura deverá produzir, por meio de reprodução artificial em laboratório, cerca de 300 mil alevinos, que serão soltos ao longo do rio por crianças e adolescentes como trabalho educativo de preservação da natureza. Os exemplares adultos já atingem em média 1000 gramas. Os tanques utilizados como criadouro das larvas dos peixes nativos do rio são pré-tratados com calcário, adubo (fósforo e nitrogênio), farelo de arroz e ração próprios para peixes, o que proporciona a produção de plâncton (alimento), aproximadamente dentro de 7 dias.
A qualidade da água é um dos fatores limitantes no desenvolvimento das fases do peixe, sendo importante monitorar os parâmetros físico-químicos, microbiológicos e hidrobiológicos do ambiente aquático.