O ônibus do futuro
2005-03-15
A corrida em busca do combustível ideal, não poluente, já começou. No mundo inteiro as maiores companhias de energia investem pesado em estudos para tornar viável dessa tecnologia. A Petrobrás trabalha no desenvolvimento de um ônibus movido a hidrogênio, que deve dar suas primeiras voltas no fim de 2006. O projeto envolve cientistas do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), do Centro de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coope/UFRJ), do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), além de equipes de empresas nacionais. Parte dos recursos foram garantidos pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
O protótipo será inspirado no conceito dos Trólebus (ônibus elétricos nos quais a energia é gerada no próprio veículo). A eletricidade, no caso, será fornecida por uma célula a combustível de hidrogênio. O princípio é simples: em contato com um catalisador, os átomos de hidrogênio são separados de seus elétrons. O movimento dessas partículas gera uma corrente elétrica transmitida para o motor elétrico, que traciona os eixos das rodas. No fim do processo, o hidrogênio combina com oxigênio e forma moléculas de água que serão expelidas pelo escapamento.
Porém, desenvolver veículos movidos a hidrogênio é um grande desafio. Embora seja abundante na água e em compostos orgânicos, esse elemento não existe em estado puro na natureza, e os métodos conhecidos para separa-lo são muito dispendiosos. O método mais utilizado é a quebra das moléculas de combustíveis fósseis. Esse será o método utilizado no ônibus a hidrogênio brasileiro.
O armazenamento de hidrogênio também representa um problema. O gás é extremamente leve e ocupa muito espaço. Entre as soluções atualmente utilizadas, estão a compressão do gás em grandes cilindros ou seu resfriamento. Quando o protótipo do ônibus estiver pronto, a Petrobrás realizará testes para avaliar desempenho, consumo, potência, autonomia e outras características. Esses dados permitirão aprimorar o projeto e servir de base para a produção em escala industrial. Isso é o começo, porque nas próximas décadas veremos o desenvolvimento da economia de hidrogênio, que tende a substituir os combustíveis fósseis e se tornar uma solução para o problema ambiental. (Super Interessante, março 2005)