Amazônia: novo elo entre a redução de chuvas e o desflorestamento
2005-03-15
Cientistas australianos encontraram novos sinais das mudanças climáticas que o desmatamento vem causando na Amazônia. Segundo eles, o desflorestamento às margens do Rio Amazonas está causando a redução do regime de chuvas e afetando o clima.
Pesquisas brasileiras, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de São Paulo (USP), já haviam revelado que as queimadas têm impacto sobre o regime de chuvas.
O novo estudo mostrou que a perda das florestas diminui a quantidade de água que evapora para a atmosfera, reduzindo a chuva, disse a coordenadora da pesquisa, Ann Henderson-Sellers, diretora do setor de meio ambiente da Organização de Ciência Nuclear e Tecnologia da Austrália.
Cientistas rastrearam moléculas de água
Um ponto-chave do estudo australiano foi mapear o ciclo de uma versão molecular mais pesada de água comum na Amazônia. Essa versão evapora mais diretamente da respiração de plantas do que de rios e lagos.
Os pesquisadores australianos rastrearam o ciclo da água: seu fluxo pelo Rio Amazonas, chegada ao Oceano Atlântico, evaporação, precipitação como chuva e retorno ao mar.
De acordo com Henderson-Sellers, vem acontecendo uma redução progressiva de chuva desde os anos 70.
— Essa foi a primeira vez que se conseguiu medir a quantidade de água que evapora das plantas daquela lançada por rios e lagos na atmosfera. Dessa forma, pudemos medir o impacto da perda de vegetação sobre a chuva com uma precisão muito maior, explicou a pesquisadora australiana. (O Globo 14/03)