Os desafios da indústria e o desperdício de água
2005-03-14
Sempre procurando cortar gastos, o setor empresarial mira sua tesoura cada vez mais para o produto água. E, caso não se empenhe em tratar ainda mais seus efluentes, reutilizar o máximo possível de água, eliminar o desperdício e conseguir fontes alternativas - como a chuva -, a atividade industrial perderá competitividade e pagará por isso.
O futuro do setor será afetado pela Lei das Águas, que prevê a cobrança também para a água que as empresas colocarem fora. Além de pagar pelo que consomem da rede de abastecimento público, as empresas passarão a desembolsar pelo que desperdiçam, o que já ocorre no Vale do Paraíba, em São Paulo. Na região, a Lei das Águas está valendo e as empresas pagam a partir de R$ 0,02 pelo líquido comprado e não usado ou não reutilizado.
Na indústria de bebidas Fruki, de Lajeado, caminhões e o pátio da fábrica são lavados com água captada da chuva por meio de cisternas. Os sistemas de refrigeração são igualmente abastecidos por essa fonte sempre que possível. Agora, a empresa está empenhada em ampliar o tratamento de efluentes.
- Vamos usar para esses mesmos fins pelo menos metade da água proveniente dos efluentes e que hoje não é reutilizada - estima o químico responsável pelo processo, Marcelo Colling.
O funcionamento das cisternas é simples e eficiente, atesta o diretor da empresa, Nelson Eggers. Quando chove, a água que cai sobre o telhado é deslocada por calhas e duas tubulações até quatros reservatórios externos e um submerso. Ao todo, a empresa consegue armazenar 400 mil litros de água com este sistema. Quantidade que pode garantir o abastecimento do sistema de refrigeração e outras funções internas por cerca de 30 dias mesmo que não chova.
Manual para empresários
Para os gestores interessados em saber mais sobre o uso da água no setor produtivo, um manual editado pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) é um bom começo. O download gratuito do material pode ser feito no site www.fiesp.com.br, no item publicações.
Gerdau reaproveita quase toda a água
A siderúrgica gaúcha é apontada por especialistas como um modelo de empresa onde a gestão do insumo água é exemplar. A operação da Gerdau demanda apenas 4,4% de captação externa de água. Desse total, só dois pontos percentuais é devolvido aos rios, e ainda assim tratada. O restante evapora no processo produtivo. (ZH 13/03)