Impacto Ambiental da indústria em Caxias do Sul é pouco conhecido
2005-03-10
Caxias do Sul é o principal pólo metal-mecânico do Estado, porém pouco se tem conhecimento sobre o impacto ambiental causado pela vocação industrial do município. Não há um diagnóstico preciso sobre a poluição atmosférica, hídrica e ocasionada por resíduos sólidos industriais, apenas fragmentos de estudos sobre a ação de determinadas atividades na comunidade. Resultados do inventário realizado em 2002 pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) no Rio Grande do Sul apontam Caxias na 5ª colocação entre os 30 maiores produtores de resíduos industriais perigosos do Estado. Levando-se em consideração que o município teve o maior número de empresas inventariadas, Caxias está em vantagem sobre outros municípios menores que têm como principal atividade econômica a indústria do couro, que polui sete vezes mais. Do lixo industrial produzido e apontado pelo relatório, 5,81% são compostos por resíduos perigosos..
Pequenas empresas também poluem
A terceirização do serviço de tratamento dos resíduos industriais é uma alternativa às indústrias que não querem ou não podem investir em um sistema próprio. Esse é o trabalho desenvolvido pelo empresário Nelson Mário Rech Filho, da Pratamil Análise e Beneficiamento de Prata Ltda. Ele recolhe o líquido perigoso das empresas e retira o material pesado, como qualifica, contido nele. Depois do tratamento, o lodo é secado e enviado para um aterro. O empreendimento foi idealizado com base nas empresas médias e pequenas que não têm capital suficiente para instalar sua própria estação. Outro argumento ouvido por Rech é a pequena quantidade de resíduos gerados pelas unidades industriais. Para o empresário, a vantagem do tratamento terceirizado está na legalidade. A empresa é autorizada pela Fepam, e fornece documentação de que o resíduo foi tratado.
As vítimas dos resíduos
A dona de casa Maria Aparecida Luza, 37 anos, limpa a casa em média seis vezes por dia. Ela mora no bairro Universitário, próximo à empresa Dueville, e, assim como seus vizinhos, sofre com a fuligem liberada pela indústria. No bairro Belo Horizonte, a pequena Luísa, três anos, tem um problema de saúde que afeta seu desenvolvimento. Por meio de exames, ficou comprovado que se trata de uma mutação provavelmente causada pela poluição industrial .Na companhia dos vizinhos, Maria Aparecida quer que a empresa tome providências. O diretor da Dueville, Ladir Antonioli, enfatiza que há 30 anos a empresa tenta resolver as questões que preocupam a população. Diz já ter adotado medidas como o fechamento de janelas e a aquisição de quatro exaustores. A solução de transtornos como esse não são de responsabilidade direta da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma). Segundo seu titular, Ari Antônio Dallegrave, cabe a Semma o papel da fiscalização. No ano passado, foram autuadas pela Semma 106 empresas. Muitas delas adequaram-se às exigências legais, outras respondem processo administrativo. (Pioneiro, 09/03)