A Bahia deve se tornar auto-suficiente na produção de gás natural, a partir de janeiro de 2006. É o que promete a Petrobras, prevendo a entrada em operação, no início do próximo ano, do chamado Projeto Manati, que compreende uma unidade exploratória com sete poços na Bacia de Camamu, na costa do município de Cairu, litoral sul do estado, além de plataforma, gasoduto com 125km e uma estação de especificação de gás localizada em São Francisco do Conde. Primeiro campo produtor de gás natural off-shore (em mar) na Bahia, Manati deverá produzir 6,1 milhões de metros cúbicos diários, volume capaz de dobrar a atual produção no estado, de pouco mais de cinco milhões de metros cúbicos.

– Como a Bahia consome hoje uma média diária de seis milhões de m3/dia - é o terceiro estado maior consumidor, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro -, precisamos importar, de campos de Sergipe, essa diferença de um milhão de metros cúbicos, equaciona Carlos Figueiredo, gerente de comunicação da Unidade de Exploração e Produção da Petrobras no estado. Situado a 10km da costa, o campo de Manati tem reservas estimadas em 24 bilhões de metros cúbicos. O projeto total está demandando investimentos da ordem de R$1,2 bilhão, com geração de mil empregos diretos e mais trezentos indiretos. Se é certo que a nova unidade vai assegurar a auto-suficiência baiana na produção desse combustível - considerado limpo, por não poluir o ambiente -, talvez não haja excedentes para exportação do produto.

Estudos estimam que o consumo de gás natural na Bahia deve crescer a um ritmo de 14,8% ao ano. – Somente na indústria, temos uma demanda reprimida, hoje, de um milhão de metros cúbicos diários. Além disso, no estado existem três termelétricas (Camaçari, Termobahia e Fafen Energia), que consomem quatro milhões de m3/dia, à espera de gás para operar. Mesmo se não houver situação de emergência, uma ou duas dessas usinas devem começar a trabalhar assim que houver fornecimento do combustível. E isso sem falar das novas plantas que estão chegando ao estado, algumas de grande porte, avalia Petrônio Lerche Vieira, diretor-presidente da Bahiagás, empresa de economia mista responsável pela distribuição do produto no estado.

Atualmente, segundo Lerche Vieira, a Bahiagás dispõe de quatro milhões de m3/dia para distribuir. Cerca de 93% desse volume é destinado ao setor industrial, especialmente às companhias do Pólo de Camaçari e Centro Industrial de Aratu. A pequena quantidade restante é absorvida pelos automóveis que utilizam o combustível (6%) e por condomínios residenciais (1%). – A rede de revenda hoje é composta de 28 postos em Salvador e quatro na região metropolitana, que vendem uma média de 220 mil m3/dia de gás para uma frota de 33 mil veículos. Já no segmento residencial, apenas o bairro da Pituba já está sendo abastecido na cidade, conta o dirigente da Bahiagás. (Correio da Bahia 09/03)