A Ilha das Pedras Brancas, paraíso da natureza, com 4 quilômetros quadrados de área, em Guaíba, corre o risco de se tornar um depósito de lixo e enterrar parte da história gaúcha. O local, que já abrigou um presídio carcerário e recebeu presos políticos, está sob a jurisdição do Estado. – Há três anos, tentamos a cedência do local para a prefeitura, disse o coordenador da Associação dos Amigos do Meio Ambiente (AMA) de Guaíba, Jarbas Cruz.

Para conscientizar a população de Guaíba e as autoridades estaduais sobre o abandono da Ilha das Pedras, a AMA realiza trabalhos esporádicos de visitação com limpeza. A ação tem o apoio da prefeitura, que aguarda a cedência do local, da Brigada Militar e do Grupo Desbravadores. Este é formado por estudantes da cidade, que se empenham na retirada do lixo acumulado. – É desolador ver como se encontra um local com tanta memória e natureza, diz Cruz.

Durante a manhã de ontem, foram feitos diversos passeios de barco até a Ilha das Pedras, para divulgar a limpeza simbólica. O Barco Travessia, com capacidade para 20 passageiros, fez quatro viagens de ida e volta. Em todas, o barco voltava repleto de sacos plásticos com lixo recolhidos pela população, desde garrafas plásticas até pedaços de árvores para assar o churrasco de domingo na Ilha.

A AMA de Guaíba tem um projeto para transformar a ilha em uma área de preservação e de turismo. A flora é variada e a fauna tem insetos, lagartos e pássaros de inúmeras espécies. – Aguardamos uma resposta positiva até o final do mês do governo, afirmou o secretário de Turismo, Desportos e Cultura de Guaíba, Vinícius Polanczyk.

A idéia é fazer a manutenção no presídio, único prédio da ilha que sobrevive, com as paredes cheias de escritos dos presos políticos. – Alguns presos ainda voltaram ao presídio, depois de desativado, e deixaram anotações, contou. No presídio, a AMA quer montar um museu, e no resto da ilha, desenvolver projeto de visitação com educação ambiental. A AMA buscará a ajuda financeira da iniciativa privada. (CP, 8)